quinta-feira, 20 de outubro de 2011
1º ANO - HISTÓRIA DO BRASIL PARA O SSA-UPE
A origem do ser humano na América é ainda um ponto bastante controverso na ciência histórica, em face da diversidade de hipóteses e da precariedade continente das fontes de pesquisa. Ainda assim, é conclusivo que o continente americano foi o último a ser ocupado pela presença humana. De acordo com a teoria mais plausível, pequenos grupos humanos de caçadores e coletores nômades, vindos da Ásia, atravessaram o Estreito de Bering durante as últimas glaciações, entre 20.000 e 10.000 a.C., em perseguição de fontes alimentares. A partir dessa teoria, o homem teria se desenvolvido no continente americano, de forma bastante variada, pois eram levadas em consideração as condições ambientais as fontes de alimentos e as relações sociais. As diferentes formas de relação do homem com o meio material resultaram numa gigantesca diversidade étnica, social, cultural e lingüística por toda a geografia americana.
No caso específico da denominada pré-história brasileira, podemos realizar, de forma pouco rígida, a seguinte periodização:
Período Características
PALEOÍNDIO O mais antigo período formativo do Homem no Brasil. Nesta fase, que vai até por volta de 10.000 a.C., predominava o nomadismo, assim como a utilização de instrumentos de pedra lascada e ossos de animais.
ARCAÍCO É uma fase transitória, entre 10.000 e 7.000 a.C., caracterizada pelo surgimento de uma agricultura rudimentar e da domesticação de animais. Os instrumentos já eram, em sua
maioria, de pedra polida.
FORMATIVO Ocorre a difusão da agricultura e da sedentarização. Surgem atividades ligadas ao artesanato, à cerâmica, à cestaria e à metalurgia (em áreas restritas). As formas sociais tornam-se mais complexas.
PERÍODO
Pesquisas arqueológicas, geológicas, paleontológicas e linguísticas indicam que o continente americano começou a ser povoado entre 20 mil e 35 mil anos atrás, embora alguns pesquisadores proponham 50 mil anos.
Qual a origem dessas populações? Uma hipótese tradicional, atualmente refutada pela comunidade científica, estabelece que o homem americano é autóctone, isto é, surgiu no próprio continente. O autoctonismo vem sendo negado pelos especialistas, até porque não se encontrou na América nenhum fóssil anterior ao Homo sapiens sapiens.
Outra hipótese tradicional parte do princípio que os grupos humanos de características mongolóides ou pré-mongolóides, oriundos da Mongólia e da Sibéria (Ásia), penetraram no continente americano pelo Estreito de Bering há cerca de 12 mil anos. Na ocasião, este se encontrava emerso, formando uma gigantesca ponte de gelo e rocha devido à diminuição do nível das águas do mar produzida pela última glaciação, que terminou 10 mil anos atrás. Em sua maioria, os defensores dessa hipótese sustentam que o sítio arqueológico de Clóvis, situado no Novo México (Estados Unidos) com 11.500 anos, é o mais antigo do continente, negando evidências recentes que questionam essa afirmativa.
Uma terceira hipótese estabelece que o homem chegou à América em migrações esporádicas, navegando pelo Pacífico, vindo da Ásia, Polinésia ou Oceania. O movimento migratório por via marítima explicaria a existência de certas características australóides e melanóides entre os ameríndios. Além disso, ele poderia ter ocorrido antes da chegada dos grupos que atravessaram o Estreito de Bering. A hipótese apresentada no mapa teve o reforço de descobertas arqueológicas recentes em vários países latino-americanos. Assim, no sítio de MonteVerde (Chile), pesquisadores encontraram evidências de que grupos humanos viviam no local há 12.500 anos. Na Patagônia argentina, pinturas rupestres, pontas de lanças e restos de fogueiras permitiram comprovar a presença humana no extremo sul do continente há mais de 11.500 anos. E no Brasil, em Lagoa Santa (Minas Gerais), foi descoberto o mais antigo fóssil humano da América, datado em 11.500 anos.
Entre 1835 e 1845, pesquisando em grutas do município mineiro de Lagoa Santa, o naturalista dinamarquês Peter Lund descobriu os primeiros fósseis humanos no Brasil. Os esqueletos descobertos por Lund foram datados em cerca de 2 mil anos e ficaram conhecidos como fósseis do Homem de Lagoa Santa.
Em 1975, na mesma região, foram desenterrados o crânio e outros ossos de uma mulher que recebeu o nome de Luzia. Trata-se do mais antigo fóssil humano do continente, com 11.500 anos. Além disso, as características de seu crânio colocaram em xeque as teorias tradicionais sobre a presença do homem na América.
Outros sítios arqueológicos, de enorme riqueza, estão situados no Parque Nacional da Serra da Capivara, criado em 1979 e tombado em 1991 pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade. O parque fica no Piauí, no município de São Raimundo Nonato.
Pesquisas dirigidas pelos arqueólogos Niede Guidon e Fábio Parente revelaram a existência na região de mais de 250 sítios arqueológicos, com um acervo que inclui 30 mil pinturas rupestres. As figuras - signos, objetos, animais e pessoas - estão bem conservadas, graças à aridez do clima e à dificuldade de acesso ao local. Segundo a arqueóloga Niede Guidon, as pinturas foram datadas em pelo menos 20 mil anos, e os restos de fogueiras encontrados nos sítios, em mais de 32.500 anos. Se essas estimativas forem confirmadas, o quadro geral de povoamento das Américas dará um grande salto no tempo.
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NO BRASIL
LAGOA SANTA (MG)
No século XIX, o naturalista Peter Lund descobriu, nas grutas da região, fósseis com datação de 8 mil anos, além de fósseis animais da fauna gigante. Nessa região, em 1975, foi encontrado o fóssil humano mais antigo das Américas, alcunhado de Luzia.
A reconstrução computadorizada do rosto de Luzia revelou feições negroides, com nariz largo e queixo e lábios salientes.
SÃO RAIMUNDO NONATO (PI)
No século XX, pesquisas confirmaram restos de fogueiras, utensílios em pedra e pinturas rupestres, com datação superior a 30 mil anos.
SANTARÉM (PA)
Nas cavernas da Pedra Pintada, estudos revelam indícios da presença humana há pelo menos 11 mil anos
SAMBAQUIS (LITORAL)
Depósitos de conchas em forma de colina de até 10 mil anos. Nos interiores destas “grutas de conchas”, encontram-se vestígios de presença humana.
Povos indígenas
Existem cerca de 350 mil índios no Brasil, pertencentes a 218 povos que falam mais de 180 línguas diferentes. Cada grupo tem usos, costumes e cultura próprios, habilidades, organização social, crenças, filosofia e estética específicas. Além disso, registram-se diferenças físicas entre os integrantes de cada comunidade devido à miscigenação entre diferentes etnias. Ainda assim, existem aspectos comuns a muitos desses grupos. Um desses aspectos é a origem asiática. Com o uso da análise comparativa de DNA, o geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais, conseguiu localizar a área da qual saíram os antepassados dos índios americanos. De início, ele identificou o código genético comum a dezessete povos indígenas. Depois, comprovou a existência do mesmo padrão genético em populações siberianas vizinhas ao Lago Baikal, na atual Rússia oriental próxima da Mongólia.
Outro aspecto comum à maioria dos grupos nativos foi o desaparecimento de elementos culturais importantes devido ao contato com o homem branco. Muitos povos indígenas perderam sua identidade. Dentre os grupos que preservam boa parte de suas tradições, podemos citar aqueles do Parque Indígena do Xingu - onde vivem mais de 3.600 indivíduos de 14 etnias - e, em especial, os povos isolados, assim chamados por estarem longe do convívio com a sociedade do restante do país,em lugares remotos,difíceis de atingir, da Amazônia brasileira.
Essas comunidades sobrevivem da caça, da pesca, da coleta e de uma agricultura rudimentar e em muitos casos usam instrumentos de pedra, como faziam os homens do Paleolítico e do Neolítico em terras americanas.
Desde a chegada dos primeiros grupos humanos na América e seu longo período evolutivo, como vimos anteriormente, progredimos até os nativos do Brasil, descendentes daqueles primeiros povoadores. Quando os europeus chegaram ao continente americano nos séculos XV e XVI, calcula-se que cerca de 6 milhões de nativos ocupassem o território do atual Brasil. Essa população era constituída por, aproximadamente, 1500 grupos étnicos distintos que dividiam (litoral), macro-jê (interior e cerrados) e aruaque (Amazônia). O tronco lingüístico tupi-guarani compunha o maior contingente populacional e foi o pioneiro no contato com os portugueses, sendo deste grupo que dispomos de estruturas estatais ou coercitivas, havendo autoridades respeitadas, mas de forma alguma arbitrárias. Os anciãos, os guerreiros e o pajé, liderança espiritual, eram sempre ouvidos antes da organização social mais abrangente; podia englobar várias aldeias e controlar extenso território. Apesar de centrarem a obtenção de alimentos na caça e na coleta, desenvolveram uma atividade agrícola rudimentar, destinada à subsistência. De resto, não produziam excedentes, e o comércio era reduzido a trocas rituais de presentes. Dessa forma, a busca por acumulação de riqueza inexistia na vida tribal. Na agricultura, praticada pelo método da coivara, produziam mandioca doce, amendoim, abacaxi e outras frutas.
Socialmente, não havia distinção entre abastados e despossuído sendo a terra considerada sagrada e pertencente à coletividade. Vigora uma relação de igualdade social, típica do chamado “comunismo primitivo”. Entretanto, o trabalho era divido em atividades específicas para homens e para mulheres, além das tarefas para os mais idosos e para as crianças. Viviam, portanto, comunitariamente, em aldeias temporárias constituídas por habitações de seis a dez grandes casas. Religiosamente, cultuavam as forças da natureza numa composição politeísta. Além disso, realizavam rituais de antropofagia.
A chegada dos portugueses e o seu contato com os nativos resultaram numa catástrofe para os indígenas, que se viram dominados, explorados e dizimados pelos “brancos” europeus. Atualmente, calcula que restam apenas 400 mil índios no território brasileiro cuja maioria vive em precárias condições, à margem da sociedade ou em reservas pouco preservadas pelo Estado contra as depredações das mineradoras e companhias
madeireiras. É verdade que a Constituição federal de 1988 assegura, no indígenas e a proteção dessas terras, mas a prática da especificação legislatória é tímida e muitas vezes, inexistente. Por isso, diversas comunidades indígenas ainda lutam pelo reconhecimento de seus direitos, principalmente sobre a terra ancestral. Nos últimos anos, o Governo brasileiro adotou uma série de ações afirmativas, entre as quais o regime de cotas no acesso ao ensino superior. Entretanto, o respeito e a integridade dos direitos indígenas ainda é uma realidade distante e precária.
QUESTÕES
1. Existem muitas expectativas com relação à chegada do próximo milênio. Não se nota, no entanto, uma intensificação nos estudos históricos, nem uma reflexão mais profunda sobre o que aconteceu no passado. Considerando este enunciado, pode-se afirmar que:
a) os estudos históricos nada podem esclarecer sobre o passado, apenas fazer um relato dos fatos acontecidos;
b) não há interesse em se pesquisar, devido ao espetacular avanço tecnológico que nos deixa perplexos;
c) é importante que não se despreze o passado, pois o ser humano constrói a história num espaço temporal complexo e diversificado, no qual há uma relação estreita entre passado e presente;
d) não há preocupação com o passado na sociedade moderna, mas uma preocupação excessiva com o futuro e um desprezo constante pela reflexão;
e) é um erro entender a história como o estudo do passado numa sociedade profundamente marcada pela tecnologia e pela velocidade, na qual o que vale é o pragmatismo e a falta de ética das elites como fundamentos de toda ação histórica.
2. As dificuldades para que a sociedade humana se estabelecesse e conseguisse construir uma cultura sofisticada foram imensas. No mundo da modernização, parece que o historiador perdeu seu ofício e o passado, seu significado. Tudo muda muito rápido, e as invenções modernas agitam a sociedade. Busca-se o novo, não se valoriza, como antes, mais a experiência. O texto acima:
a) é muito pessimista, pois a sociedade humana fez conquistas fabulosas e resolveu problemas aparentemente insuperáveis com a chegada da globalização.
b) Sintetiza bem as angústias e os desejos dos tempos modernos, onde o progresso encanta e há possibilidade, sempre crescente, de se atingir a harmonia social.
c) exalta o valor da experiência cometendo um equívoco histórico
d) faz uma síntese de questões importantes para o historiador, num mundo de mudanças rápidas e surpreendentes que, muitas vezes, não se preocupa em valorizar o passado.
e) é bastante equivocado, pois nunca se teve tanta certeza sobre o valor do passado como nos tempos atuais.
3. O longo processo evolutivo, que se realizou na África, culminou com a aparição do homem na Terra (o chamado gênero Homo), a partir de um ancestral comum ao homem e aos macacos antropóides. O homo erectus e o homo ergaster migraram da África, há pelo menos um milhão de anos e povoaram a Ásia. O homo antecessor iniciou o povoamento da Europa, há 800.000 anos. Há 100.000 anos, o homem de Neandertal ocupava também a Europa e a Ásia Menor. Todas essas espécies extinguiram-se, restando apenas o homo sapiens moderno, única espécie sobrevivente, à qual todos pertencemos. Baseado nessas informações, assinale as proposições a seguir:
1) A América estava completamente despovoada quando Colombo ali chegou, pela primeira vez, descobrindo o chamado Novo Mundo.
2) A América, antes dos descobrimentos dos espanhóis e portugueses, já estava povoada por numerosos grupos humanos de diferentes culturas, embora todos pertencessem à mesma espécie humana, a do homo sapiens moderno.
3) Depois de povoar a Ásia, o homo erectus conseguiu chegar também à América, faz meio milhão de anos.
4) Os primeiros homens que povoaram a América,chegaram desde a Ásia, através do Estreito de Bering.
5) Os primeiros habitantes da América pertenciam a uma espécie humana hoje extinta.
Estão corretas apenas:
a) 1 e 2 b) 2 e 3 c) 3 e 5 d) 2 e 4 e) 1 e 5
4. Na era pré-colombiana ocorreram marcantes disparidades entre os habitantes das Américas. Uma característica foi entretanto comum aos diferentes grupos indígenas daquela época. Assinale a alternativa que corresponde a essa característica:
a) inexistência de sociedades de classes.
b) total passividade frente ao colonizador.
c) formação de poderosas elites sacerdotais, com grande peso político.
d) produção de excedentes agrícolas, permitindo trocas constantes.
e) prática religiosa, que envolvia adoração dos astros e cultos ancestrais animistas.
5. Embora a grande maioria dos povos americanos fosse formada por grupos coletores-caçadores ou de agricultores-pastores, surgiram no nosso continente alguns grandes impérios. Entre as alternativas, indique a que NÃO é correta em relação à sociedade desses impérios:
a) para os astecas, os sacrifícios humanos eram vistos como uma garantia à vida, pois satisfaziam as necessidades dos deuses fiadores da sobrevivência humana;
b) os incas desenvolveram um complexo e eficiente sistema burocrático que permitia um controle do império centralizado em Cuzco;
c) os maias enfrentaram problemas de unificação política, constituindo cada cidade um estado independente;
d) no império asteca, como no império inca, houve uma grande concentração de população que se transformou, após a conquista, em mão-de-obra na exploração de minérios;
e) maias e astecas não conheceram o comércio nem a exploração de metais, apesar do grande conhecimento artístico que houve entre eles.
6. A pintura rupestre abaixo, que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa
A) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil.
B) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros.
C) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história do Brasil.
D) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos.
E) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o período colonial
7. No texto abaixo, o historiador grego Tucídides apresenta elementos essenciais da constituição da História como disciplina científica.
“Os homens [comuns], na verdade, aceitam uns dos outros relatos de segunda mão dos eventos passados, negligenciando pô-los à prova. (…) Quanto aos fatos da guerra, considerei meu dever relatá-los, não como apurados através de algum informante casual nem como me parecia provável, mas somente após investigar cada detalhe com o maior rigor possível, seja no caso de eventos dos quais eu mesmo participei, seja naqueles a respeito dos quais obtive informações de terceiros. O empenho em apurar os fatos se constitui numa tarefa laboriosa, pois as testemunhas oculares de vários eventos nem sempre faziam os mesmos relatos a respeito das mesmas coisas, mas variavam de acordo com suas simpatias por um lado ou pelo outro, ou de acordo com sua memória. Pode acontecer que a ausência do fabuloso em minha narrativa pareça menos agradável ao ouvido, mas quem quer que deseje ter uma idéia clara tanto dos eventos ocorridos quanto daqueles que algum dia voltará a ocorrer em circunstâncias idênticas ou semelhantes em conseqüência de seu conteúdo humano, julgará a minha história útil e isto me bastará. Na verdade, ela foi feita para ser um patrimônio sempre útil, e não uma composição a ser ouvida apenas no momento da competição por algum prêmio.”
Segundo o texto,
a) a pretensão de o historiador possuir a verdade é ilegítima, já que ele tece a narrativa com elementos de segunda mão.
b) o historiador, para enriquecer a narrativa, deve recorrer ao auxílio de fábulas.
c) o testemunho baseado na memória garante a credibilidade do relato histórico.
d) a História é definida como um saber que, através da apuração rigorosa dos fatos, tem relação privilegiada com a verdade.
e) Nenhuma das respostas atende.
8. A mandioca, a batata-doce, a araruta, o milho, o feijão, o amaranto e o amendoim são utilizados como alimentos atualmente, porque foram
a) domesticados por populações que desenvolveram a agricultura na América, há pelo menos 6 mil anos.
b) cultivados inicialmente na África por volta de 3 mil anos atrás e difundidos nos séculos XV e XVI pelos europeus.
c) alimentos básicos das primeiras comunidades agrícolas que se tornaram sedentárias há 7 mil anos no Oriente Próximo.
d) cultivados como fontes alimentares das primeiras civilizações agrícolas que se fixaram nos vales dos rios Nilo e Eufrates, há 5 mil anos.
e) modificados geneticamente por comunidades agrícolas da Europa mediterrânea nos últimos 2 mil anos.
9. Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos asiáticos teriam chegado a esse continente pelo Estreito de Bering, há 18 mil anos. A partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, chegando até a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios da presença humana que teriam até 50 mil anos de idade.
Validadas, as provas materiais encontradas pelos arqueólogos no Piauí:
a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o oceano Atlântico até o Piauí há 18 mil anos.
b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do Norte e, depois, povoou os outros continentes.
c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e, depois, cruzou o Estreito de Bering.
d) confirmam que os grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering há 18 mil anos.
e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado há 18 mil anos.
10. Nas últimas décadas o Piauí vem figurando como um tema obrigatório nas discussões sobre o primitivo povoamento do território americano, o que decorre, principalmente, dos achados arqueológicos da Serra da Capivara, no município piauiense de São Raimundo Nonato.
Sobre esse assunto, assinale, nas alternativas a seguir, aquela que está INCORRETA:
a) Os municípios de São Raimundo Nonato, no Piauí, e de Central, na Bahia, detêm os mais antigos vestígios da presença humana na região nordeste.
b) O acervo arqueológico de São Raimundo Nonato é administrado pela FUMDHAM - Fundação Museu do Homem Americano.
c) A arqueóloga Niede Guidon, personalidade mais conhecida entre os profissionais que atuam junto ao acervo arqueológico de São Raimundo Nonato, tem protagonizado, ao longo dos anos, vários conflitos e polêmicas com o governo do Piauí, com órgãos federais como o IBAMA e até mesmo, com nativos do município de São Raimundo Nonato.
d) Os achados arqueológicos de São Raimundo Nonato, no Piauí, assim como aqueles encontrados na Bahia, impõem uma revisão das teorias sobre o povoamento da América e não deixam dúvidas quanto à natureza autóctone do homem americano.
e) Hoje, apesar de ainda ser forte a tese do povoamento da América ter-se dado através do Estreito de Behring, os estudiosos, a partir de acervos arqueológicos como os do Piauí, consideram seriamente a hipótese de múltiplas correntes de povoamento. Quanto à data da chegada dos primeiros povoadores, ainda há muitas controvérsias, não estando, em rigor, nada definitivamente estabelecido.
11. Recentemente, no estado americano de Arkansas, a teoria da evolução elaborada por Charles Darwin foi retirada dos currículos e teve proibida a sua utilização. Não obstante, os estudos paleontológicos, antropológicos e arqueológicos vêm possibilitando avanços na compreensão do período da pré-história, confirmando a existência de um longo período em que ocorreu o processo de hominização. Sobre esse processo, analise as afirmações abaixo.
I - As mais antigas formas de vida humana registradas pela Paleontologia denominam-se hominídeos, como comprovam os achados dos fósseis identificados como Australopithecus, Pithecantropus, Sinantropus, entre outros.
II - Os fósseis demonstram que, no curso evolutivo da Humanidade, mais de um milhão de anos antes de surgir o Homo Sapiens , existiram várias espécies a caminho da humanização, e as mudanças físicas ocorridas ao longo de centenas de milhares de anos propiciaram sua adaptação a qualquer ambiente.
III - As evidências arqueológicas indicam que a espécie humana não nasceu pronta nem física, nem culturalmente. Necessitou de um enorme período de tempo para desenvolver um conjunto de habilidades técnicas e de conhecimentos que lhe permitisse elaborar instrumentos de trabalho e utensílios.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II e III.
c) Apenas III.
d) Apenas II.
e) I, II e IIl.
12. A historiografia tradicional e hegemônica no Brasil durante muito tempo, tem caído em descrédito, cedendo lugar a uma visão mais crítica dos múltiplos aspectos de nossa formação social.
Sobre essa nova corrente historiográfica é certo dizer
a) admite uma visão genérica sobre os costumes e nível de organização dos africanos que vieram para o Brasil, não levando em conta as especificidades econômicas e culturais das diversas regiões da África.
b) privilegia o papel do branco colonizador em nossa formação cultural;
c) vê o negro apenas como mão-de-obra;
d) privilegia o estudo das regiões, a partir dos “ciclos econômicos”, desconsiderando as atividades econômicas complementares;
e) discorda da corrente que defende a inferioridade dos povos indígenas, a partir de sua produção cultural.
13. Com base nas diferentes línguas usadas pelos índios - na área de localização e em características culturais - os jesuítas classificaram os grandes grupos indígenas do Brasil:
0 0. no Nordeste, os Tupis-guaranis formavam um complexo etnolinguístico cujas tribos mais importantes foram potiguares, tabajaras, caetés, tupinambás e tupiniquins;
1 1. os aimorés, goitacases e cariris que, com outras tribos, formavam a nação dos gês, reagiram à implantação de fazendas de gado em suas terras;
2 2. os aruaques ou nuaruaques tornaram-se famosos pela adiantada cerâmica “marajoara”: peças de barros utilitárias, curiosamente ornamentadas;
3 3. os caraíbas habitavam a Amazônia e espalharam-se pela América central e pela América do Norte;
4 4. os gês e os caraíbas formaram um grande complexo etnolinguístico no norte do Brasil.
14. Sobre a história da formação social indígena no Brasil podemos afirmar:
a) as bactérias e os vírus foram poderosos aliados dos conquistadores no extermínio dos povos indígenas;
b) entre os índios nunca existiu a divisão do trabalho;
c) a migração mais importante para o povoamento da América foi a de elementos africanos que vieram em levas sucessivas pelo Oceano Pacífico;
d) o extermínio e a dominação indígena pelo colonizador ocorreu mais pela falta de resistência e de luta do que pela superioridade das armas;
e) as expedições guerreiras, a construção de malocas, a preparação da terra foram tarefas eminentementes femininas entre os indígenas.
15. Os primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil foram marcados por dificuldades, entre elas a resistência dos indígenas diante da presença dos estrangeiros. Sobre a vida que os índios levavam antes da presença dos portugueses podemos afirmar que:
a) viviam em comunidades fechadas o que evitava o conflito entre as tribos.
b) a terra era o grande bem que possuíam, garantindo inclusive a sua sobrevivência.
c) existia uma quantidade inexpressiva de tribos no Brasil, sendo a mais significativa as que falavam tupi.
d) viviam exclusivamente da caça e pesca, sendo povos nômades.
e) desconheciam a propriedade privada, embora vivessem como povos sedentários e desenvolvessem técnicas agrícolas que facilitavam a produção de excedente.
16. De acordo com uma classificação tradicional, baseada em critérios linguísticos, os índios do Brasil foram divididos em quatro grandes nações:
0 0. tupi - espalhava-se por toda a costa atlântica e várias áreas do interior;
1 1. jê ou tapuia - ocupava o Planalto Central brasileiro;
2 2. iroqueses - ocupavam todo o Nordeste brasileiro;
3 3. nuaruaque - ocupava a bacia amazônica, até os Andes;
4 4. caraíba - ocupava o norte da bacia amazônica.
17. Contrariando o que sempre se afirmava, Ciro Flamarion Cardoso escreve que a escravidão do índio no Brasil “foi predominante até aproximadamente 1620, sem deixar de ser central em áreas como São Paulo e Amazônia até a sua abolição definitiva em meados do século XVIII”... Seguindo o raciocínio desse grande historiador podemos concluir que:
0 0. os índios eram preguiçosos e não trabalharam na grande lavoura.
1 1. durante o século XVI foi principalmente a mão-de-obra indígena que se explorou.
2 2. foi sobretudo a diminuição da população indígena que fez aumentar a escravidão africana no Brasil.
3 3 a vinda de escravos negros foi numerosa e constante para a região amazônica.
4 4. negros e índios foram os alicerces da riqueza colonial.
18. Leia o trecho da Carta de Padre Antônio Vieira ao Padre Provincial dos Jesuítas em 1635 e depois assinale a alternativa que interpreta historicamente os interesses do Estado português, dos colonos, e dos padres jesuítas na colonização.
“ ... Na primeira carta disse a V. Revª a grande perseguição que padecem os índios pela cobiça dos portugueses em os cativarem ... O modo como esses índios recebiam os portugueses era ordinariamente de paz ... E perguntando eu a um dos cabos desta entrada como se haviam com eles me respondeu com grande desabafo e paz de alma: a esses davámos-lhes uma carga cerrada, caiam uns fugiam outros, entrávamos nas aldeias e tomávamos aquilo que havíamos mister’ ... Todos estes latrocínios e homicídios se toleram em um reino tão católico como Portugal ... . Estas são, Padre Provincial as notícias que posso dar a V. Rerª desta conquista do Maranhão de onde faço esta. Antônio Vieira.
a) O Estado português queria fazer do índio um súdito, os colonos reduzi-los ao trabalho escravo e os jesuítas convertê-los à fé cristã e utilizá-los como mão de obra.
b) O Estado português desejava o extermínio da raça para que os colonos pudessem transferir populações africanas para a América e os jesuítas estimulavam a escravidão indígena.
c) A Coroa portuguesa aliada aos franceses iniciou o processo de aculturação e desmantelamento das nações indígenas para facilitar o trabalho dos colonos.
d) Os jesuítas, cumprindo ordens da metrópole, isolaram os índios em missões, no litoral, facilitando o aprisionamento deles pelos colonos para quem “o índio bom era o índio morto”.
e) Os colonos utilizaram os jesuítas na escravidão dos gentios e o Estado português , em compensação, distribui sesmarias somente às ordens religiosas que haviam participado da conquista.
19. Em meados do século XIX as autoridades do Ceará declararam a inexistência dos índios, para, desse modo, se apoderarem de suas terras. Sobre os índios brasileiros, sua cultura, seus hábitos, ainda não se esgotaram as pesquisas. Reconheça nas proposições abaixo fatos relacionados com a história indígena do Brasil.
0 0 Os índios brasileiros eram bons caçadores – coletores. A cerâmica e os tecidos eram também atividades exercidas por todas as tribos.
1 1 Algumas tribos tinham conhecimento de Astronomia. Os Tupinambás, por exemplo, relacionaram as fases da lua, o movimento das marés e o aparecimento de determinadas estrelas com o fenômeno da chuva.
2 2 O estágio cultural em que se encontrava o índio brasileiro não lhe permitia manifestações artísticas do tipo: música, dança, pintura.
3 3 Os jês e nuaruaques desenvolveram com a matéria-prima látex uma técnica de fazer bola para jogar, esporte muito apreciado entre eles.
4 4 Os historiadores calculam que na época do descobrimento do Brasil a população indígena seria entre 2 a 3 milhões. Sabe-se, pelo último recenseamento que, atualmente, ela é de apenas 230 mil.
20. O conhecimento sobre as formas de sobrevivência humana, na pré-história brasileira, é um grande quebra-cabeça que vem sendo estudado por pré-historiadores e arqueólogos. Sobre a pré-história brasileira, assinale a alternativa correta.
a) Os habitantes dos sambaquis sepultavam os seus mortos, colocando os corpos em urnas funerárias e os enterravam sob suas cabanas.
b) Denomina-se de arte rupestre o conjunto de pinturas corporais, em cerâmica e em artefatos de madeira, produzidos na pré-história brasileira.
c) O estudo da cultura material, incluindo a arte rupestre, pode gerar conhecimento sobre aspectos da vida material e espiritual dos povos que a produziram.
d) As recentes pesquisas arqueológicas realizadas no Nordeste brasileiro comprovam a tese defendida na década de sessenta: o homem mais antigo do Brasil teria existido por volta de doze mil anos atrás.
e) Através das escavações realizadas nos Estados de Goiás e Mato Grosso, foi comprovada a tese de que, nestas regiões, habitavam povos descendentes de incas e bolivianos.
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