segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Enem muda perfil de feras



Alguma coisa acontece no#vestibular. O verso da música "Sampa", de Caetano Veloso, quando parafraseado, espelha bem a situação por que passa o processo seletivo da Universidade Federal de Pernambuco. Que o vestibular mudou, não há dúvidas. É só ter um olhar mais acurado para comprovar: o listão está de cara nova. A lista dos dez primeiros colocados, divulgada um pouco antes do carnaval, acirrou a disputa entre as áreas de humanas e exatas. E quem ganhou o round, desta vez, foi o time de humanas - uma situação inédita pela menos nos últimos oito anos. Seis (cinco deles de direito) figuraram lá na frente e, além disso, a primeira colocada, a estudante Bárbara Buril, foi de jornalismo. Medicina? Ninguém entre os 10 primeiros. Daí fica a pergunta: que furacão passou para varrer candidatos de cursos mais concorridos do mapa da liderança do vestibular mais importante do estado?
Reitor da UFPE, Amaro Lins, vai decidir se adere integralmente ao Enem Foto: Helder Tavares/DP DA PressA teoria mais provável entre professores é que o Enem tenha sido o elemento novo que revolucionou aforma de selecionar universitários. "Antigamente, a primeira fase do vestibular da UFPE era muito simples e os alunos de medicina tiravam as notas mais altas", recorda Eduardo Belo, diretor do Colégio Motivo, em Boa Viagem. "Então os primeiros colocados da primeira fase, que tinham um perfil de estudo mais conteudista, acabavam com um resultado geral melhor", teoriza. Belo lembra que a maior nota do Enem em Pernambuco foi 8,4. Ninguém tirou mais de nove, como era comum na década de 1990 pela Covest. "A nota caiu porque o Enem tem provas mais massudas, com mais questões. E, por isso, é mais cansativa", observou."Pensamento crítico" pesou? - O que poderia explicar a supremacia dos candidatos de humanas sobre os de saúde e humanas seria o novo formato do Enem, que valoriza aqueles candidatos que conseguem fazer correlação e interpretação crítica de fatos e dados. A questão é que o vestibular da Covest já fazia isso antes. Pelo menos dos anos 2000 para cá, a interdisciplinaridade em provas como a de história jáera bastante explorada. Porém, nos últimos três anos, os primeiros colocados foram de exatas. "Antes a 1ª fase tinha 80 questões em um único dia. E cobrava um perfil mais conteudista, decoreba. Os alunos de humanas foram favorecidos porque têm um nível de leitura do dia a dia maior", opinou o professor Eduardo Belo.Já o diretor do Colégio Boa Viagem, George Diniz, discorda. Para ele, essa visão de que os candidatos das áreas de saúde e exatas têm uma preparação mais esquemática não reflete a situação em geral. Diniz tem outra opinião sobre o revertério no vestibular. Ele acha que o que pesou mais foi o grau de dificuldade nas provas da 2ª fase. "Os testes de biologia e química estavam muito complexos. E isso afetou diretamente a nota dos candidatos de medicina", disse. Diniz, no entanto, não se arriscou em dizer se o vestibular continuará atípico nos próximos anos. "Não sabemos se a UFPE continuará com o Enem", justificou.O reitor Amaro Lins ainda não decidiu se manterá o Enem como substituto da 1ª fase ouse irá aderir ao Sistema de Seleção Unificada, o SisU, escolhido por 51 instituições até agora. Sem se referir a uma data, disse que em breve vai se reunir com o comitê de governança, em Brasília, e com representantes da Covest para chegar a um consenso. Amaro, porém, tranquilizou os feras dizendo que a preparação deve continuar focada no Enem.

Um comentário:

Karol Melo disse...

Quer saber? Não que eu precise mais disso, já estou na minha universidade, mas como eu vou prestar vestibular esse ano [de novo] para a Federal, pra ver se entro num curso que eu desejo a muito tempo [Artes Cênicas] e nunca tive, digamos, a oportunidade e apoio familiar pra isso. Não da pra saber se é pra rir ou pra chorar com essas "confusões" para a seleção. HAHA!

Abraços!