domingo, 6 de fevereiro de 2011

PERÍODO PRÉ-COLONIAL


Durante a Idade Média, a maior parte da população da Europa vivia no campo. Predominavam as atividades de subsistência desenvolvidas nas grandes propriedades rurais (feudos). As cidades eram poucas e pequenas e o comércio era incipiente. A sociedade era basicamente composta pelos senhores (proprietários dos feudos) e seus servos. O poder político estava descentralizado, pois, ainda que o território europeu estivesse dividido em reinos, o poder do monarca era frágil e, nos feudos, cada senhor podia impor suas próprias normas e leis.
Características gerais do Feudalismo

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A partir do século XI, contudo, o aumento da população propiciou o crescimento das cidades já existentes e a formação de outras. Essa população urbana passou a dedicar-se ao artesanato e ao comércio, estabelecendo-se ou percorrendo estradas para vender suas mercadorias. Aos poucos, o comércio ganhou força, ampliaram-se as rotas comerciais, surgiram as feiras nos entroncamentos das estradas percorridas pelos comerciantes e a terra deixou de ser a única fonte de riqueza econômica.

Cruzadas:_____________________________________________________________________________________________________¬__________________
A população de mercadores e artesãos denominava-se burguesia. Com o crescimento do comércio, parte da burguesia tornou-se mais rica e poderosa, disputando interesses com a nobreza feudal. Em pouco tempo, a organização política e administrativa do mundo medieval passou a ser um obstáculo, pois a multiplicidade de moedas, impostos e taxas alfandegárias, estabelecidos pelos diversos feudos por onde passavam as rotas comerciais, prejudicavam o desenvolvimento do comércio burguês.
Essa burguesia mercantil aliou-se aos reis, na luta pela centralização do poder político. A aliança acelerou o processo de formação das Monarquias Nacionais, ou Estados Nacionais Modernos, que se caracterizavam pela unificação dos reinos e pela concentração do poder em torno da figura do rei (absolutismo).
Com o desenvolvimento das Monarquias Nacionais, os reis passaram a se interessar pelas atividades econômicas do país. Para o governo, o controle estatal da economia significava o maior fortalecimento do poder do Estado. Para a burguesia, o Estado fortalecido protegia seus interesses econômicos, defenderia o comércio nacional e propiciaria sua expansão além das fronteiras.

Comércio Mediterrâneo

Ao entrar no século XV, a Europa já desenvolvia uma atividade comercial intensa. Duas regiões destacavam-se pela importância de suas cidades e pelo desenvolvimento de seu comércio:

• Cidades do Norte da Itália: Veneza, Gênova, Florença, Milão, Ferrara, Pisa e Mântua;
• Cidades de Flandres (Norte da Europa): Bruges, Antuérpia, Gand, Ypres, Liège e Bruxelas.


A mais importante rota comercial ia da região de Flandres até a Itália e cruzava o Mar Mediterrâneo em direção ao Oriente. O transporte marítimo no Mediterrâneo ficava a cargo dos navios de comerciantes italianos, que alcançavam os portos de Alexandria e de Constantinopla. Ali abasteciam seus navios com os produtos orientais trazidos pelos árabes em rotas comerciais que passavam por importantes cidades da Ásia e da África.
Portugal e Espanha também participavam desse empreendimento comercial, através da utilização de uma rota marítima no Atlântico. Essa rota ia do norte da Europa, passava pela Costa norte-africana (Ceuta, Ilhas Canárias, Açores, Arquipélago do Cabo Verde) até se ligar à rota do Mediterrâneo.
Os europeus exportavam produtos agrícolas e industrializados. Consumiam produtos orientais como tecidos de seda e algodão, louças, pedras preciosas, incenso, tapeçarias, bronzes, lacas e especiarias de origem vegetal (cravo, canela, pimenta, gengibre, noz-moscada etc.), utilizadas na culinária, na farmácia, na medicina, e na tinturaria da época.

Comércio do Mediterrâneo para o Atlântico

A navegação comercial no Mediterrâneo sofreu um duro golpe quando os turcos conquistaram o Império Romano do Oriente, cuja capital, Constantinopla (tomada em 1453), era o principal empório dos produtos asiáticos. Com isso, a navegação do Mediterrâneo oriental foi ficando cada vez mais difícil.
Quando os navios italianos foram impedidos de navegar pelo Mediterrâneo oriental, os comerciantes portugueses se animaram a descobrir outro caminho para o Oriente e lá abastecer-se de especiarias de outros produtos, para revendê-los na Europa. A perspectiva dos enormes lucros que esse empreendimento iria trazer foi o impulso que deu início à era das Grandes Navegações.

Outros fatores que contribuíram para a expansão marítima através do Atlântico foram:

• A posição geográfica de Portugal, com o litoral voltado para o Atlântico e com portos que serviam de escala para os navios que faziam o percurso de ida e volta entre o Mediterrâneo e o Mar do Norte;
• Os grandes progressos na arte de navegar, sobretudo em Portugal, onde surgiu a caravela mais aperfeiçoada; desenvolveram-se instrumentos científicos, como a bússola, o quadrante, o astrolábio e foi considerável a evolução da cartografia.;
• O incentivo da Igreja Católica, que via nos empreendimentos marítimos a oportunidade de levar a fé cristã a outros povos;
• A presença, em Portugal, de um governo forte, centralizado na pessoa do rei, que tinha as atividades comerciais como interesse fundamental.


Expansão Marítima Portuguesa

Iniciou-se em 1415 a longa e pioneira aventura expansionista que iria marcar toda a História Portuguesa. Lutando contra o desconhecido, sofrendo naufrágios e doenças, combatendo adversários em terras desconhecidas, os portugueses empenharam-se em levar à Europa os apreciados produtos coloniais.
A empresa marítima portuguesa atravessou três etapas principais:
• Na primeira, foram explorados geográfica e economicamente a costa ocidental da África e as ilhas do Atlântico, às quais foram sendo povoadas e postas a produzir cereais, cana-de-açúcar e vinho, que eram levados à Metrópole, juntamente com ouro e marfim;
• Na segunda, estabeleceram-se feitorias na Índia, nas Moluscas (Indonésia atual), na China (Macau) e no Japão;
• Na terceira, a empresa mercantil converteu-se também em colonizadora formando um extenso império ultramarino.

No esquema a seguir você pode observar as principais etapas da expansão marítima portuguesa.

1415. Conquista de Ceuta, na região do atual Marrocos, assinalou o início da expansão marítima portuguesa.
1416. Dom Henrique, filho de Dom João I, após participar da conquista de Ceuta, fundou no extremo sul de Portugal um centro de estudos e pesquisas de navegação, que ficou conhecido como Escola de Sagres. Comandada por Dom Henrique que recebeu o título de o Navegador, a escola reunia astrônomos, geógrafos, matemáticos, construtores de instrumentos náuticos, cartógrafos e navegadores. Tornou-se o mais avançado centro de estudos de navegação da época.
1419. Gonçalves Zarco e Tristão Vaz chegaram à ilha da Madeira.
1431. Reconhecimento dos Açores.
1434. Gil Eanes atingiu o Cabo Bojador.
1443. Nuno Tristão chegou à Ilha de Arguim, onde fundou uma feitoria, a partir da qual se desenvolveu importante comércio. Foi o primeiro entreposto instalado por um país europeu na África Ocidental.
1445. Dionísio Dias ultrapassou a foz do Rio Senegal, onde os portugueses obtiveram as primeiras quantidades de ouro, além de marfim, goma e pimenta-malagueta.
1482. Diogo Cão chegou à foz do Rio Congo, no Zaire.
1488. Bartolomeu Dias ultrapassou o
extremo sul da África, Cabo das
Tormentas, depois denominado Cabo
da Boa Esperança pelo Rei Dom JoãoII.
1498. Vasco da Gama, com quatro navios, atingiu a cidade de Calicute, nas Índias (o grande objetivo com que sonhava Portugal).
1499. Pedro Álvares Cabral comandou a expedição que, antes de chegar às Índias, desembarcou no litoral do Brasil, para garantir a posse de terras americanas para Portugal.

As grandes vantagens econômicas trazidas pela expansão marítima não foram canalizadas para os cofres portugueses. Embora controlassem esta atividade comercial, a distribuição dos produtos coloniais no mercado europeu era feita por comerciantes de outros países, sobretudo holandeses. Esses grupos estrangeiros controlavam e manipulavam os preços e tornaram-se financiadores e credores dos empreendimentos portugueses.


Expansão Marítima Espanhola

Enquanto Portugal ia desvendando os segredos dos mares e ampliando seu comércio em novas regiões da costa africana, a Espanha tentava expulsar os mouros que dominavam a cidade de Granada, por isso não tinha condições de se lançar à navegação marítima. Nessa época, dos três reinos que se haviam formado na Espanha (Navarra, Aragão e Castela), dois uniram-se em virtude de um casamento: Aragão, representado por Fernando, e Castela, cuja rainha era Isabel.
Esse casamento uniu praticamente todo o país e, em 1492, após expulsar os mouros de seu território, Fernando e Isabel dispuseram-se a patrocinar a viagem do navegador genovês Cristóvão Colombo, que tinha um novo e audacioso plano. O objetivo era atingir “el levante por el poniente”, o leste pelo oeste, dando volta ao mundo, para chegar às Índias. Esse plano foi atribuído ao cosmógrafo italiano Paolo Toscanelli.
Cristóvão Colombo realizou quatro viagens de travessia do Atlântico. Seguindo o plano e desconhecendo a real dimensão do Planeta, Colombo supôs ter atingido a Ásia. Por isso, quando chegou á ilha de Guanaani, em 1492, deu o nome à terra descoberta de Índias Ocidentais, e a seus habitantes de índios ou de indígenas. O engano de Colombo somente foi esclarecido pelo navegador Américo Vespúcio e, em homenagem a este, o Novo Continente foi denominado América.

Disputa pelas novas terras

Após as viagens de Colombo, atendendo aos interesses dos reis católicos Fernando e Isabel, o Papa Alexandre VI (espanhol de nascimento) expediu a bula Inter coetera, que concedia aos reis da Espanha os privilégios antes dados ao rei de Portugal, nas terras descobertas ou a descobrir, no Ocidente.
A bula Inter coetera (1493) estabelecia uma linha divisória entre o que seria de Portugal e de Espanha. Essa demarcatória imaginária, passando a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, determinou que tudo o que estivesse a oeste dessa linha pertenceria à Espanha e todas as terras que estivessem a leste pertenceriam a Portugal. Se essa bula fosse respeitada, a Espanha teria assegurado o pleno domínio sobre todas as terras americanas, restando a Portugal somente a posse das terras da África.
Dom João II, rei de Portugal, sentindo-se prejudicado pelas determinações papais, recusou-se a acatá-las. Depois de várias negociações diplomáticas, foi assinado, na localidade de Tordesilhas, na Espanha, em 7 de junho de 1494, um outro tratado que dividiu o mundo em dois hemisférios, separados por um meridiano que se estendia a 379 léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde. As terras existentes a oeste da linha pertenceriam à Espanha e as terras a leste, a Portugal. A partir da assinatura desse tratado, Portugal e Espanha passaram a disputar o domínio do território americano. Inglaterra, França e Holanda somente entraram na disputa a partir do século XVII.



O DESCOBRIMENTO
O “descobrimento” do Brasil teve um narrador a sua altura – Pero Vaz de Caminha – escrivão da Armada designado para a feitoria de Calicute na Índia, que em Carta dirigida ao Rei de Portugal datada de Porto Seguro da Ilha de Vera Cruz, a 1º de maio de 1500 deu uma detalhada notícia da viagem e da terra descoberta.
Documento preciso e de insubstituível valor histórico donde se podem tirar interpretações e conclusões que dissipam várias dúvidas que surgem com relação ao nosso “descobrimento”. É considerada como a “Certidão de Nascimento do Brasil”, escrita por testemunha dotada de amplos recursos de observação. Em suas 27 (vinte e sete) páginas, nada passa desapercebido ao missivista e não há informações que possam ser consideradas supérfluas.
Entre as mais importantes, podemos destacar:
• Pormenores coreográficos, que permitem a
identificação do local da descoberta;
• Dados para o estudo da fauna, flora e
botânica;
• Importância para o estudo da etnografia e
antropologia;
• Preciosa fonte para o estudo da Cronologia;
• Previsão para o futuro aproveitamento da
terra (agricultura) e como ponto de escala no
caminho para as Índias (abastecimento);
• Cristianização do gentio;
• Enriquecimento à Geografia da época.

Sabemos que os primeiros 30 anos da história do Brasil é conhecido como período pré-colonial. É fácil de entender. O Brasil não se enquadrava nas perspectivas mercantilistas do séc. XVI. Apresentava-se como uma enorme extensão territorial, habitada por tribo seminômades, de nível cultural extremamente precário. Há que se considerar, ainda, que não existia uma produção organizada para comercialização, o que desencorajava o elemento europeu.
Assim, durante os primeiros 30 anos o desinteresse da Coroa Portuguesa pelas terras americanas é flagrante. Não devemos perder de vista, que o comércio oriental das especiarias encontrava-se (para os portugueses) no seu momento máximo. Lembrem-se que a expedição de Vasco da Gama (1498) alcançara lucros da ordem de 6.000%.


Em 1530 a Coroa Portuguesa decide-se pela colonização efetiva do território brasileiro. Dois fatores atuaram como decisivos.
- Presença constante e ameaçadora dos franceses em nosso território, que segundo Cristóvão Jacques (célebre chefe de expedições guarda-costa durante o período pré-colonial) estavam se dando muito bem com os indígenas. O mesmo Cristóvão Jacques chegou a advertir a Coroa Portuguesa, no sentido de que, ou se realizava uma tentativa eficaz de ocupação da terra, ou esta cairia em mãos dos franceses (que não conheciam validade no Tratado de Tordesilhas – 1494);
- Declínio do comércio das especiarias (por volta de 1500 Portugal perdera o monopólio comercial Oriental para outros povos e os lucros já não eram tão compensadores como no início do séc. XVI).
Dentro deste novo quadro organizava-se a expedição de Martim Afonso de Sousa (1530-1532), considerada o marco inicial da colonização das terras brasileiras.

Objetivos da expedição de Martim Afonso de Sousa:

- Explorar o litoral norte;
- Explorar o litoral sul até o Rio da Prata;
- Enviar expedições ao interior em busca de
possíveis metais preciosos;
- Fundar núcleos de povoamento, que não as
simples feitorias (armazéns onde se
- guardavam o pau-brasil) do período pré-
colonial;
- Expulsar os franceses;
- Verificar a possibilidade de implantação da
cultura açucareira em nosso território;

Em linhas gerais pode-se afirmar que a expedição de 1500 é coroada de êxito. Funda-se, inclusive, o primeiro núcleo de povoamento no Brasil – São Vicente, em 1532.

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