segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
ARTE COLONIAL BRASILEIRA
Após a chegada de Cabral, Portugal tomou posse do território e transformou o Brasil em sua colônia. Primeiramente, foram construídas as feitorias, que eram construções muito simples com cerca de pau-a-pique ao redor porque os portugueses temiam ser atacados pelo índios. Preocupado com que outros povos ocupassem terras brasileiras, o rei de Portugal enviou, em 1530, uma expedição comandada por Martim Afonso de Sousa para dar início à colonização. Martim Afonso fundou a vila de são Vicente (1532) e instalou o primeiro engenho de açúcar, iniciando-se o plantio de cana-de-açúcar, que se tornaria a principal fonte de riqueza produzida no Brasil.
Após a divisão em capitanias hereditárias, houve grande necessidade de construir moradias para os colonizadores que aqui chegaram e engenhos para a fabricação de açúcar.
ARQUITETURA
A arquitetura era bastante simples, sempre com estruturas retangulares e cobertura de palha sustentada por estruturas de madeira roliça inclinada. Essas construções eram conhecidas por tejupares, palavra que vem do tupi-guarani (tejy=gente e upad=lugar). Com o tempo os tejupares melhoram e passam os colonizadores a construir casas de taipa.
Com essa evolução começam a aparecer as capelas, os centros das vilas, dirigidas por missionários jesuítas. Nas capelas há crucifixo, a imagem de Nossa Senhora e a de algum santo, trazidos de Portugal.
A arquitetura religiosa foi introduzida no Brasil pelo irmão jesuíta Francisco Dias, que trabalhou em Portugal com o arquiteto italiano Filipe Terzi, projetista da igreja de São Roque de Lisboa.
Esquema de arquitetura primitiva:
Dois eram os modelos de arquitetura primitiva. A igreja de Jesus de Roma (autor: Vignola) e a igreja de São Roque de Lisboa, ambas de padres jesuítas.
Floreciam as igrejas em todos sos lugares onde chegavam os colonizadores, especialmente no litoral.
Os principais arquitetos do período colonial foram: Francisco Dias, Francisco Frias de Mesquita, Gregório de Magalhães e Fernandes Pinto Alpoim.
A liberdade de estilo dada ao arquiteto modifica o esquema simples, mas talvez pela falta de tempo ou por deficiência técnica não se deu um acabamento mais aprimorado.
Algumas das principais construções de taipas:
• Muralha ao redor de Salvador, construída por Tomé de Sousa;
• Igreja Matriz de Cananéia;
• Vila inteira de São Vicente, destruída por um maremoto e reconstruída entre 1542 e 1545;
• Engenhos de cana-de-açúcar; e
• Casa da Companhia de Jesus, que deu origem à cidade de São Paulo.
TAIPA
Construção feita de varas, galhos, cipós entrelaçados e cobertos com barro. Para que o barro tivesse maior consistência a melhor resistência à chuva, ele era misturado com sangue de boi e óleo de peixe.
Elas podem ser feitas com técnicas diferentes:
A taipa de pilão, de origem árabe, consiste em comprimir a terra em formas de madeira, formando um caixão, onde o material a ser socado ia disposto em camadas de 15 cm aproximadamente. Essas camadas reduziam-se a metade após o piloamento. Quando a terra pilada atingia mais ou menos 2/3 da altura do taipal, eram nela introduzidas transversalmente, pequenos paus roliços envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios cilíndricos denominados cabodás que permitiam o ancoramento do taipal em nova posição. Essa técnica é usada para formar as paredes externas e nas internas estruturais, sobrecarregadas com pavimento superior ou com madeiramento do telhado.
A taipa de mão ou pau-a-pique que caracterizam-se por uma trama de paus verticais e horizontais, eqüidistantes, e alternadamente dispostos. Essa trama era fixada verticalmente na estrutura do edifício e tinha seus vãos preenchidos com barro, atirado por duas pessoas simultaneamente uma de cada lado. A taipa de mão geralmente é utilizada nas paredes internas da construção.
ESCULTURA
Os jesuítas ensinaram aos índios e negros o alfabeto, a religião e a trabalhar o barro, a madeira e a pedra.
O índio é muito hábil na imitação, mas, também muito primário e rústico na execução. O negro adapta-se mais facilmente e é exuberante no desenho, na arte, no talhe e nas lavras.
Sob direção dos religiosos e de mestres, vindos além-mar, o índio e o negro esculpiram muitos trabalhos, que são a base ao enxerto da arte Barroca, em auge na Europa.
FORTE SÃO JOÃO
No ano de 1531, após viagem através do Atlântico Sul, as naus de Martim Afonso de Souza avistaram terras tupi-guaranis.O lugar, chamado"Buriquioca"(morada dos macacos) pelos nativos, encantou os portugueses por suas belezas naturais e exóticas. Apesar da bela paisagem, por motivo de segurança seguiram viagem, indo aportar em São Vicente, no dia 22 de janeiro de 1532. Neste mesmo ano, Martim Afonso enviou João Ramalho à Bertioga afim de verificar a possibilidade de construir uma fortificação para proteger a nova vila dos ataques Tamoios.
Em 1540, Hans Staden, famoso artilheiro alemão, naufragou na costa brasileira e foi levado à São Vicente.Lá, foi nomeado para comandar a fortificação em Bertioga.
Em 1547, a primitiva paliçada de madeira foi substituída por alvenaria de pedra e cal e óleo de baleia, o que originou o verdadeiro Forte.Primeiramente foi chamado Forte Sant'Iago (ou São Tiago), recebeu a denominação de Forte São João em 1765, devido à restauração de sua capela, erguida em louvor a São João Batista.
Em 1940, a fortaleza, considerada a mais antiga do Brasil, foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) .
Aproveitando a comemoração dos 500 anos do Brasil, a Prefeitura de Bertioga e o Iphan entregam para visitação o forte totalmente restaurado.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
QUESTÃO DE HISTÓRIA DA SEMANA
A respeito da história política de Cuba, considere os itens seguintes.
I. No início da década de 1930, Fulgêncio Batista já havia se transformado em homem forte do regime, embora só tenha ocupado a presidência posteriormente (1940-1944 e 1952-1959).
II. A Organização dos Estados Americanos (OEA) decidiu, no início da década de 1960, implementar o bloqueio econômico e político a Cuba.
III. A União Soviética apoiou o regime de Castro apenas a partir dos anos 1990, quando as dificuldades econômicas cubanas tornaram-se mais agudas.
IV. No início da ascensão de Fidel Castro ao poder, tomaram-se medidas democráticas e nacionalizantes, tais como a reforma agrária radical e a expropriação de propriedades de norte-americanos e de cubanos dos ramos petrolífero, telefônico, açucareiro e de eletricidade.
V. Apesar das divergências econômicas existentes entre Cuba e Estados Unidos da América, observam-se convergências significativas no que se refere às relações políticas.
É correto apenas o contido em
A) I, II e III.
B) I, II e IV.
C) I, III e IV.
D) II, III e V.
E) II, IV e V.
resp.: b
sábado, 19 de fevereiro de 2011
EXERCÍCIO DE REVISÃO (PARA AS TURMAS DE 3º ANO)
1- Os portugueses conquistaram, em 1415, a cidade de Ceuta, importante centro comercial dominado pelos árabes. Assinale a alternativa que caracterizou esse fato.
a- O apogeu da expansão marítima de Portugal.
b- O início das incursões dos portugueses nos mares.
c- A chegada dos portugueses no extremo sul da África.
d- O início do ciclo oriental dos descobrimentos.
e- O fim do poderio marítimo dos países ibéricos.
2- Sobre a expansão marítima espanhola é incorreto afirmar que:
a- Iniciou-se com a viagem de Cristóvão Colombo, em 1492. Em busca de um caminho para as Índias, pelo Ocidente;
b- Iniciou-se depois da expansão portuguesa porque os espanhóis estavam ocupados na luta pela expulsão dos mouros de seu território;
c- O casamento de Fernando e Isabel, unindo os reinos de Aragão e Castela foi um importante passo para a formação do Estado espanhol, pré-requisito para a organização da expansão marítima e comercial;
d- A concorrência da Espanha em assinar o Tratado de Tordesilhas antes da viagem de Colombo é uma prova de que já sabiam da existência das terras americanas;
e- Embora Cristóvão Colombo tenha sido o descobridor da América, o continente recebeu esta denominação em homenagem a Américo Vespúcio, navegador que descobriu ser, as terras, um continente novo e não as Índias.
3- Analisando as proposições sobre as Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos, é correto afirmar que:
I- A tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, desencadeou as navegações ibéricas, sendo os lusos pioneiros na exploração do Mar Mediterrâneo.
II- Portugal foi pioneiro nas explorações do Atlântico. Seu litoral convidava-o a navegar, e a inexistência de forte nobreza feudal permitia ao rei participar dos esforços marítimos.
III- A Bula Inter Coetera mandava contar, das Ilhas de Açores para ocidente, cerca de 200 léguas, findas às quais traçava uma linha no sentido dos pólos. As terras da direita dessa linha pertenceriam à Espanha.
a- Apenas as proposições II e III são verdadeiras;
b- Apenas as proposições I e II são verdadeiras;
c- Apenas as proposições I e III são verdadeiras;
d- Apenas a proposição II é verdadeira;
e- Todas as proposições são verdadeiras.
4- Marque verdadeiro e falso.
0-0- A expedição de Fernão de Magalhães, realizada entre 1519 e 1522, foi a primeira a dar a volta completa no globo terrestre.
1-1- O grande feito do navegador Bartolomeu Dias foi ter conseguido ultrapassar um dos maiores obstáculos para o estabelecimento de um novo caminho para as Índias: o Cabo das Tormentas, no extremo sul da África.
2-2- A primeira viagem de Vasco da Gama às Índias demonstrou sua pouca lucratividade, em termos comerciais. Assim, o rei de Portugal resolveu dar mais atenção às terras americanas, organizando, por isso, a expedição de Pedro Álvares Cabral.
3-3- Apesar de pioneira no empreendimento das Grandes Navegações, a nação portuguesa nunca controlou a distribuição dos produtos coloniais no mercado europeu.
4-4- No empreendimento da expansão marítima dos Estados europeus, a grande rival dos monarcas foi a Igreja Católica, que condenou a expansão porque considerava o contato do europeu com os povos pagãos dos outros continentes uma ameaça à integridade da doutrina cristã.
5- O período de 1500 a 1530 é chamado de Pré-Colonial, visto que os portugueses não se interessaram de imediato pela colonização. A razão disto está relacionada com:
a- O valor comercial das especiarias orientais era muito superior ao pau-brasil.
b- A presença de corsários dificultando o trabalho português.
c- A grande falta de recursos humanos, especialmente de escravos.
d- A agressividade do índio impedindo a fixação do português.
e- Por todos os motivos acima citados.
6- Marque a alternativa falsa:
a- O pau-brasil era intensamente contrabandeado pelos piratas e corsários franceses.
b- As feitorias, armazéns fortificados costeiros foram típicos na exploração do pau-brasil.
c- Nas costas brasileiras, utilizava-se de escambo ou troca para aquisição de madeira tintorial.
d- Com a exploração do pau-brasil na colônia foi efetivada a colonização portuguesa.
e- A França tinha um grande interesse pela nossa madeira, devido à necessidade de matérias-primas para suas indústrias têxteis.
7- Nas primeiras décadas, após a descoberta do Brasil, não houve, por parte de Portugal medidas efetivas para a colonização de seu território na América, porque:
a- As finanças da metrópole arrasadas não permitiam o ônus advindo de uma empresa colonizadora.
b- Encontrou o português tenaz resistente por parte dos aborígines.
c- As perspectivas econômicas oferecidas pelo seu quinhão americano eram mínimas em comparação com o comércio do Oriente.
d- A visão pessimista deixada pelos primeiros cronistas que aqui estiveram anulava qualquer esforço nesse sentido.
e- Todas as alternativas estão corretas.
8- A colonização reserva tradicionalmente a denominação período pré-colonizador para os primeiros trinta anos da história do Brasil porque:
a- A principal atividade econômica desenvolvida no litoral brasileiro, entre 1500 e 1530, foi a extração do pau-brasil, realizada pelos grupos indígenas que entraram em contato com os descobridores europeus.
b- As atividades desenvolvidas naquele período, além do maior interesse da Coroa Portuguesa pelo comércio oriental, não conduziram à efetiva ocupação do litoral brasileiro.
c- As constantes disputas entre “perós” (portugueses) e “mairs” (franceses) pelo tráfico do pau-brasil não permitiram o início da ocupação efetiva de todo o território, isto é, o início da colonização.
d- A importância do litoral brasileiro estava no monopólio que ele assegurava para a monarquia portuguesa da “rota do Cabo”, isto é, do comércio com as Índias.
e- O sistema de capitanias hereditárias, instituído por D. João III, fracassou inteiramente, impossibilitando assim o início da colonização.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
QUESTÃO DE FILOSOFIA DA SEMANA
Para Karl Popper, o problema da demarcação consiste em "estabelecer um critério que habilite distinguir entre as ciências empíricas, de um lado, e a Matemática e a Lógica, bem como os sistemas "metafísicos, de outro.
Karl Popper. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1975, p. 35.
Considerando o problema mencionado no fragmento de texto acima bem como a teoria epistemológica popperiana, assinale a opção correta.
A - A indução estabelece fronteiras claras entre o não científico e o científico.
B - A certeza científica fundamental é a psicológica.
C - A comparação lógica da conclusão das teorias e a investigação da forma lógica das teorias não pode servir como demonstração da correção dessas teorias.
D - A falseabilidade é critério de demarcação.
E - As ciências da natureza, na perspectiva epistemológica contemporânea, não podem destruir convicções anteriores.
resp.: d
CAPITANIAS E GOVERNOS GERAIS
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL
As Capitanias Hereditárias
(Descentralização)
Com o sistema de capitanias, criadas por D. João III a partir de 1534, tem início a colonização regular da costa brasileira. Esse sistema não constitui uma experiência nova, pois já havia sido empregado na colonização das ilhas portuguesas do Atlântico. Só que, no Brasil, as condições não foram tão favoráveis.
Portugal lançou mão desse sistema de colonização com base na iniciativa privada porque estava na iminência de perder a terra, diante das pretensões estrangeiras e, principalmente, porque se achava endividado.
A primeira capitania surgiu em 1504 quando D. Manuel I doou a Fernando de Noronha, a Capitania de São João no Arquipélago de Fernando de Noronha. Entretanto, o sistema só se desenvolveu entre 1534 e 1536, quando D. João III criou 14 novas capitanias entre o Maranhão e Santa Catarina. As capitanias compreendiam grandes áreas, traçadas entre a linha de Tordesilhas e o Atlântico, em lotes de extensão desigual e entregues a fidalgos, mediante as Cartas de Doação e o Foral, que estabeleciam os deveres e direitos dos donatários.
Entre os deveres dos donatários, destacam-se: a colonização, a defesa militar, a fundação de vilas e povoados, defender os interesses da Coroa, organizar a administração da capitania.
De um modo geral, eram direitos dos donatários: governar a capitania, criando órgãos administrativos, ministrando a justiça, cobrando taxas e impostos, doar sesmarias, escravizar índios, transmitir as capitanias por herança. Eram direitos, ainda, 50% do pau-brasil e o recebimento de dízima (10%) do quinto pago à Coroa pelos metais e pedras preciosas.
Os donatários não eram proprietários das capitanias, pois, de acordo com as Cartas de Doação e os Forais recebiam poderes sobre a Terra, mas não a propriedade da terra. A capitania era hereditária, inalienável e indivisível. Permaneceram como direitos reais o controle alfandegário, a cunhagem de moedas, os monopólios do pau-brasil, a quinta dos metais e pedras preciosas e o dízimo.
As dificuldades para o desenvolvimento das capitanias foram enormes, apesar das vantagens concedidas aos donatários. Alguns deles não vieram nem tomar posse das terras. Outros fracassaram pela falta de recursos financeiros, pelas hostilidades dos estrangeiros e indígenas, pela carência de mão-de-obra, pelas dificuldades de comunicação com a metrópole, e, mesmo entre as diversas capitanias, pela falta de um organismo centralizador.
Apesar dessas dificuldades, o sistema prosseguiu durante o período colonial, surgindo, paralelamente, as capitanias Reais.
Ainda na primeira metade do século XVI D. João III transformou a Capitania de Todos os Santos em sede do governo geral e, em seguida, outras capitanias foram se transformando em reais até que, no século XVIII desapareceram as últimas capitanias hereditárias. Com a centralização e a ocupação da área interiorana, novas capitanias foram surgindo e outras foram sendo desmembradas, até surgir a divisão administrativa, que, com algumas modificações, deu origem às províncias do Império, e posteriormente, aos estados da República.
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos donatários, a situação não continuou a mesma, pois foi estimulado o povoamento garantindo posse da terra, progrediu a produção açucareira e evitou-se mais o contrabando, isso sem contar as capitanias de Pernambuco e São Vicente, que desde cedo obtiveram grande sucesso. Portanto, não se pode falar em fracasso; o que se verificou foi um desenvolvimento desigual das Capitanias. Da maneira como foi implantado, sem um órgão central que coordenasse a ação dos donatários o sistema apresentava-se inexeqüível à realidade do núcleo colonial português na América.
Com a finalidade de superar as dificuldades das capitanias e centralizar política e administrativamente a Colônia, D. João III, em 1548, criou o Governo Geral. Essa centralização foi necessária para impedir o abuso do poder por parte dos donatários, combater mais eficientemente a pirataria, deter as hostilidades dos indígenas e incentivar mais a economia.
O Governo Geral
(centralização)
Através da Carta Régia, de 7 de janeiro de 1549, Tomé de Sousa foi nomeao Governador e a Bahia indicada como sede, por ser o ponto mais central. Outros cargos foram criados, como o de provedor-mor encarregado da administração e arrecadação das rendas da coroa, o de ouvidor-geral, com atribuição judiciária, o de capitão-mor-da-costa, responsável pelo policiamento do litoral, além de cargos menores.
A mais alta autoridade era o governador (Capitão-geral), que administrava de acordo com o regimento do cargo e com as novas instruções que vinham da Metrópole. Era a maior autoridade administrativa, militar, além de inspecionar os outros setores.
A arrecadação de taxas e impostos estavam a cargo da Junta da Fazenda, que tinha repartições e funcionários subordinados. Na dependência do ouvidor (Juiz de Direito) estavam as comarcas, divididas em Termos, e estes em freguesias.
As vilas e cidades eram governadas pelas Câmaras Municipais, compostas do juiz ordinário, vereadores, um procurador e um tesoureiro. As câmaras tiveram um papel de destaque, pois eram os únicos órgãos de defesa dos interesses do povo, contribuindo para “uma experiência política brasileira, base para o desejo de auto-governo”. Entretanto, é importante assinalar que apenas os homens bons (grandes proprietários territoriais) participavam da administração local. A massa da população ficava marginalizada.
O sistema de Governo Geral perdurou até 1808, com a chegada da Corte. Durante esse período, foi criado o Estado do Maranhão (1612), território que ia do Ceará ao extremo-norte, compreendendo o restante da colônia, o Estado do Brasil. Em 1737, o Estado do Maranhão foi substituído pelo Estado do Grão-Pará e Maranhão, que foi absorvido em 1774 pelo do Brasil. Os governadores gerais a partir de 1720 passaram a usar o título de vice-reis, embora suas atribuições não tivessem sofrido alterações. Em 1763, a capital da colônia foi transferida para o Rio de Janeiro, principalmente devido à exploração aurífera e as questões fronteiriças no Sul.
Baseado no Pacto Colonial a economia colonial possuía uma função predominantemente exportadora. A empresa colonial, montada dentro dos princípios mercantilistas da Idade Moderna concentrava-se na produção de gêneros agrícolas e na atividade extrativa (metais preciosos), com vistas a complementar o comércio metropolitano. Evidentemente, ficavam proibidas as manufaturas (objetivando evitar a concorrência com os produtos europeus). É certo, também que a produção é ditada pelas necessidades da Metrópole e em escala maior do próprio comércio internacional. Neste sentido há uma interação entre Colônia, Metrópole e Mercantilismo.
ECONOMIA COLONIAL
O sistema produtivo foi baseado no quadrinômio tão comum em áreas de colônias tropicais:
1- Latifúndio: se a produção tem que ser em alta escala, concentrando-se em um artigo que tenha grande aceitação na Europa, a solução seria a grande propriedade. Em vista também do pequeno número de portugueses que para aqui vinham e com o objetivo de enriquecimento. Deve-se lembrar, ainda, que a pequena propriedade não surtiu efeito em áreas tropicais e mesmo subtropicais (área Meridional da América do Norte, por exemplo).
2- Monocultura: se a economia se destina ao mercado externo e a grande escala, explora-se apenas um produto de cada vez. A produção visa os artigos de clima tropical tão consumíveis na Europa.
3- Escravidão: era necessário numerosa mão-de-obra para atender uma grande produção e sobre um vasto território. O colonizador, em número reduzido não se dispõe ao trabalho pesado. O trabalho assalariado tornaria inviável economicamente a empresa colonial. A solução então seria a escravidão. O índio brasileiro não se achava a altura, era seminômade e não feito aos tipos de trabalhos exigidos. O português, então, apelou para o africano em nível superior e já adaptados aos trabalhos exigidos. É necessário que se lembre, que o tráfico negreiro existia desde meados do séc. XV. Resta esclarecer que a escravidão era uma realidade na própria África.
4- Exportador:________________________
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PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS
- LAVOURA AÇUCAREIRA -
A perspectiva principal estava na cultura de cana-de-açúcar pois tratava-se de um produto de grande valor comercial na Europa. Para levantar fundos necessários à implantação deste tipo de agricultura no Brasil recorreu-se sobretudo aos banqueiros holandeses.
A experiência portuguesa nesta produção (ilhas na costa africana, Açores, Madeira e Cabo Verde), a grande aceitação do produto na Europa (o açúcar era considerado rara especiaria) e o clima tropical brasileiro favorável ao sucesso da lavoura canavieira estimularam a introdução das mudas de cana-de-açúcar no Brasil. Desta forma, Portugal realizou a montagem de uma empresa comercial agrária, destinada ao mercado europeu.
Com Martim Afonso, em 1532, introduziu-se a cana na colônia, na capitania de São Vicente.
Daí, expandiu-se a cultura de cana-de-açúcar para o Nordeste, pelo litoral, até a Bahia e Pernambuco, onde encontrava meio mais propício ao seu desenvolvimento. “Em meados do séc. XVI a produção da América Portuguesa era superior à da América Espanhola. Fernão Cardim, Gabriel Soares e o Padre Anchieta, cronistas quinhentistas nos dão a cifra de 300.000 arrobas para a produção anual do açúcar brasileiro nos fins deste século”.
(Afonso Arinos de Melo Franco, em Síntese da História Econômica do Brasil)
Não se pode perder de vista a participação flamenga no negócio açucareiro. Sem ela, a empresa agroindustrial açucareira teria se constituído num autêntico fracasso.
Podemos resumir a participação dos holandeses da seguinte forma:
Coparticipação nos investimentos iniciais para a montagem da empresa;
Transporte do açúcar para a Europa;
Refino do produto (Amsterdã);
Comercialização e distribuição do açúcar brasileiro na Europa.
Observe no mapa abaixo a rota do açúcar brasileiro.
Atividades subsidiárias da economia açucareira
A razão por que nem todas as propriedades dispunham de engenho próprio são as proporções e custos das instalações necessárias. O engenho era um estabelecimento complexo; compreendia numerosas construções e aparelhos mecânicos: moenda (onde a cana é comprimida), casa de purgar (onde se completa esta purificação), a casa grande (habitação do senhor), a senzala (dos escravos), além das oficinas, estrebarias etc.
Além do açúcar, figura igualmente na economia colonial, como produto de exportação, o fumo. Sua importância se baseia no fato de que servia como moeda para a aquisição dos escravos africanos. O fumo trazia para o Brasil o negro, que fez grandeza do açúcar.
Quanto ao gado, inicialmente produto secundário (pois era destinado a fornecer meios de subsistência à produção), vivendo portanto, em função do açúcar, vai adquirir dimensões muito maiores no desbravamento do sertão, como veremos mais adiante.
"São tão grandes as riquezas deste novo mundo e da mesma maneira sua fertilidade e abundância, que não sei por qual das coisas comece primeiramente; mas [...] de todas estas coisas o principal nervo e substância da riqueza da terra é a lavoura dos açúcares. "
Ambrósio Fernandes Brandão (1618).
A aguardente, subproduto de grande consumo na colônia, também era exportada para a costa da África onde servia no escambo e aquisição de escravos.
Numa economia como a brasileira é preciso distinguir dois setores bem diferentes da produção: o primeiro é o dos grandes produtos de exportação, como o açúcar; o outro é o das atividades acessórias, cujo fim é manter o funcionamento daquela economia de exportação. Uma agricultura – apesar de acanhada – que era ligada à base alimentar da população é a chamada agricultura de subsistência, cujos produtos advinham em grande parte da cultura indígena, principalmente a mandioca, depois o milho, arroz e feijão; as verduras, pouco consumidas na Colônia, serão substituídas pela abundância de frutas tropicais.
PECUÁRIA
O estudo da criação de gado sempre foi relegado a um segundo plano. Via-se a pecuária em função da grande lavoura e da economia mineira.
Hoje, entretanto, confere-se à atividade um papel primordial na economia colonial brasileira. Foi por exemplo, a primeira atividade na colônia que gerou uma renda colonial que aqui permaneceu e se consolidou.
É bom notar, que é impreciso o termo “ciclo” no que se refere à pecuária. Quando o engenho entrou em decadência, a atividade continuou vigorosamente pelo sertão até atingir a área sulina.
Portanto, não houve decadência da pecuária, os rebanhos coloniais proliferaram, e continuam hoje a manter determinadas áreas brasileiras.
O gado na Colônia
Com a vinda da armada de Martim Afonso de Sousa para o início da colonização regular do Brasil, é que tem início a chegada dos primeiros animais domésticos.
Aumentando consideravelmente, pela bondade dos campos se estendiam terra adentro, o mesmo não tardou a se tornar um elemento autônomo na economia colonial. Mais tarde, a Bahia recebeu gado bovino que lhe era enviado do arquipélago de Cabo Verde, conforme pedido que Tomé de Sousa fez a D. João III.
Foi a zona do açúcar, porém, que deu origem à primeira fase da criação do gado. É que a indústria do açúcar era importante consumidora de gado. Os Trapiches e Engenhos, movidos por bois, faziam grande desgaste; as carretas (carros de bois) para o transporte exigiam número considerável de cabeças, em porção talvez, igual ao da escravatura ocupada. A alimentação à base de carne era necessária para os que se dedicavam aos intensos trabalhos dos engenhos. Junto aos engenhos havia currais, em que abrigavam as cabeças utilizadas no seu fornecimento.
Esta primeira fase é conhecida como criação de quintal, isto é, o gado é criado junto aos engenhos.
O grande crescimento da indústria açucareira, estimulou a criação. Em razão do aumento da criação, começa a se esboçar um conflito em potencial, que viria refletir o choque entre as duas atividades econômicas simbolizadas nos interesses dos criadores e plantadores.
Daí uma das razões da retirada do gado do litoral, longe dos engenhos, dos canaviais, dos mandiocais, para terras mais pobres que não poderiam ser aproveitadas para as culturas exigidas pelo número crescente dos engenhos do litoral. Uma carta régia, datada de 1701, veio mesmo proibir a criação de gado a menos de 10 léguas da costa. Exigindo a criação grandes espaços, (pastagens), o caminho do sertão estava aberto. A partir de então, partindo de Olinda e Salvador o gado penetra no sertão nordestino, integrando uma vasta área à colonização.
A criação passa a ser extensiva e itinerante, com o gado buscando melhores pastagens e os “olhos d’água” do sertão nordestino. Nesta fase, ao longo do São Francisco surgem várias fazendas criatórias. Em meados do séc. XVIII a pecuária do sertão nordestino alcança seu apogeu.
A Ocupação do Sul
Foi a exploração mineradora, no decorrer do século XVIII que constituiu o estímulo ao devassamento e o suporte econômico de algumas áreas do Brasil Meridional, notadamente o extremo sul (do Paraná ao Rio Grande), levado a efeito pela Pecuária, que partindo dos chamados “campos gerais” onde concentrava o grosso do gado vicentino ganharam os pampas enquanto outra corrente ganhava o território de Minas Gerais. Mas é o gado que se estabelecerá no sul que abastecerá o grande mercado consumidor da mineração.
Portanto, o grande centro de criação do gado, foi, sem dúvida, o Rio Grande do Sul, sobretudo a partir de 1777, onde vamos encontrar a intensificação da indústria pastoril, através da multiplicação das “Estâncias” (nome dado às fazendas de criação no Sul). A principal atividade, a princípio, foi a produção de couros que se exportam em grande quantidade. Mais tarde é que aparece o charque (nome local da carne seca). O seu aparecimento no comércio da colônia coincidirá com a decadência da pecuária nos sertões do Nordeste incapaz de atender às necessidades do mercado.
Em 1793 a Capitania já exportava 13.000 arrobas de charque; nos primeiros anos do século seguinte alcançará quase 600.000. A indústria de laticínios não é muito desenvolvida, estando muito aquém da de Minas Gerais. A par do gado bovino, criam-se, no Rio Grande, cavalos e, sobretudo, muares e o gado lanígero aparece em certa quantidade.
IMPORTÂNCIA DA PECUÁRIA COLONIAL
Base alimentar, transporte, força motriz;
Atividade que integrou o elemento indígena;
Expansão do povoamento, ocupação territorial;
Esteio econômico da área sertaneja, nordeste e sul da colônia;
Atividade geradora de um comércio interno (renda colonial para a própria colônia);
Abastecimento de núcleos em épocas de crise (ex. área açucareira e mineradora);
Elo seguro entre a área nordestina (açucareira) e a do centro-oeste (mineira), para o abastecimento (carne) e o transporte (tropa).
MINERAÇÃO
Sabe-se que a Coroa Portuguesa jamais abandonou a esperança de descobrir grandes estoques metálicos no Brasil. O exemplo das áreas espanholas, notadamente o México, Peru e Bolívia eram encorajantes. Entretanto, foi a partir da “Restauração” portuguesa (1640) que intensificou-se o chamado movimento bandeirante.
As Bandeiras correspondem a movimentos interioranos (em geral na área do centro-sul e sulinos (até o Rio Grande do Sul e áreas platinas).
São impulsionadas pela sobrevivência, no caso paulista (especificamente) pois a pobreza e a precariedade de condições empurram a esta atividade.
O ciclo do couro pode ser considerado como proveniente das atividades das Bandeiras de Fernão Dias. Se em realidade, Fernão Dias Pais Leme não encontrou as acalentadas “esmeraldas”, de suas incursões resultou um melhor conhecimento da quase totalidade do território de Minas Gerais.
A análise da situação portuguesa no séc. XVIII (quadro acima), situação, aliás, que vinha se definindo desde os meados do séc. XVII nos permite concluir que a atividade mineradora vai se revestir de um interesse todo especial por parte da Coroa Portuguesa. Pode-se mesmo afirmar, que a exploração do ouro brasileiro constitui-se na tábua de salvação de Portugal, então, nação de segunda ordem no contexto europeu. As minas vão manter por mais algum tempo o parasitismo da nobreza e da corte, além da ilusão de “prosperidade” do reino português.
Segundo Caio Prado, “as primeiras notícias de ouro na colônia são dos últimos anos no século XVI: tratava-se desta insignificante mineração em São Paulo que nunca foi seriamente por diante”.
Como você pode constatar, sempre foi uma nítida preocupação do português a procura de metais e pedras preciosas, estimulada pela “inveja do espanhol e por informação fantásticas a respeito”.
Entretanto as grandes minas de ouro das “Gerais” só seriam descobertas por Antônio Rodrigues Arzão, que partiu de Taubaté até o sertão do Rio Casca. Seguem-se as bandeiras de Bartolomeu Bueno Siqueira que penetrou até o Rio das Velhas; a de Manuel Borba Gato, que descobriu as minas de Sabará em 1700; a de Pascoal Moreira Cabral, que encontrou o primeiro ouro em Cuiabá; a de Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhangüera) que explorou as minas de Goiás etc...
Reflexos da Descoberta do Ouro
Portugal vê novas perspectivas na rica colônia brasileira; a exploração econômica “aliviaria” sua caótica situação;
O quadro colonial brasileiro se agita na busca eufórica do enriquecimento;
Nova política colonial: a descoberta do ouro acarreta um intenso fiscalismo metropolitano;
A descoberta das “minas” (e dos diamantes posteriormente) marca o início do ciclo econômico da mineração e representa a última e mais importante fase do Bandeirantismo.
A Exploração Aurífera e a Legislação nas “Minas”
A mineração foi submetida desde o início a um severo controle e fiscalização através de um sistema que minuciosa e rigorosamente mantinha a disciplina.
“As descobertas de jazidas eram obrigatoriamente manifestadas às autoridades competentes. Estes então se transportavam ao local, faziam a demarcação dos terrenos auríferos e das “datas” – é como se chamam os lotes destinados aos mineradores”. (Caio Prado)
“Para executar o Regimento, cobrar o quinto, superintender todo o serviço de mineração e resolver os pleitos entre os mineradores, bem como destes com terceiros, em questões atinetes à mineração (havia muitas destas últimas questões, como as relativas à utilização de águas e matas), criou-se um organismo administrativo especial”: a Intendência das Minas, que destacava-se como um dos órgãos especiais da Colônia.
“Em cada capitania em que houve extração de ouro, organizou-se uma Intendência que nas suas atribuições independia completamente das demais autoridades coloniais: só prestava contas e obediência ao governo da metrópole. Compunha-se a Intendência de um superintendente, conhecido vulgarmente como intendente, a quem cabia a direção geral do serviço, e de um guarda-mor, que é quem fazia a repartição das datas e fiscalizava, nas minas, a observância do regimento”. (Caio Prado)
Posteriormente, foram criadas as Casas de Fundição, através das quais o ouro era conhecido, fundido, e após deduzido o quinto, reduzido em barras e marcado com o selo real. Posteriormente devolvido ao proprietário. Era desta forma controlado o ouro, que a partir deste sistema, poderia circular livremente na capitania.
O Tratado de Methuen – 1703
Quase todo o ouro aqui extraído não ficava na colônia, ia diretamente para Portugal, onde tinha destino certo: Londres. Isto em virtude do Tratado de Methun (1703), pelo qual os portugueses se comprometiam a adquirir os produtos da indústria manufatureira inglesa em troca de compra, por parte da Inglaterra, dos produtos agrícolas portugueses, notadamente os vinhos, sendo o saldo devedor pago em ouro, pelas partes. Seria óbvio o comentário de que o saldo devedor sempre pertenceu a Portugal... Portanto, nem Portugal, nem o Brasil ficaram com o ouro que as minas da Colônia produziram em profusão.
Deste tratado decorre a insatisfação e suspeita de enriquecimento de muitos. A Inglaterra obteve lucros e estendeu o seu monopólio comercial. Graças ao acúmulo de capitais (proveniente, em grande parte das “Minas Gerais”). A Inglaterra conseguiu uma superioridade técnica e material que lhe valeu o pioneirismo na Revolução Industrial.
Os Diamantes
Paralelamente às atividades auríferas foi também explorado o diamante, principalmente na região do Tijuco. Foi adotado o mesmo sistema de tributação, ou seja, “o quinto”.
Entretanto, a Coroa, posteriormente, passa a organizar a tributação de forma diversa. Foi demarcada a região explorável, denominada “Distrito Diamantino”, sendo entregue a particulares, a sua exploração, pela qual pagariam determinada quantia fixa.
Em 1777, pelo Marquês de Pombal, foi criada a Real Extração ou Intendência dos Diamantes, sistema que vigorou até após a Independência. A administração da Intendência era autônoma e guiada por uma legislação especial.
A exploração mineral era feita pelos sistemas de faiscação e lavras. As lavras apareceram no período em que o ouro era mais abundante.
No trabalho de faiscação, isolado e nômade, o garimpeiro utilizava recursos simples tais como a bateia. O ouro era geralmente de aluvião e o metal de rocha..
Na verdade as lavras eram estabelecimentos fixos que dispunham de algum aparelhamento e, onde sob direção única e trabalhando em conjunto, reúnem-se vários trabalhadores. A eles se opõem a pequena extração realizada por indivíduos isolados que não empregam senão a batéia, o carumbé e outras ferramentas.
Complexo Econômico Mineiro
A grande produção dos diamantes acarretou a sua desvalorização e o prejuízo no seu comércio. Da mesma forma que o ouro, os diamantes eram contrabandeados e seu grande valor em volume reduzido facilitava os desvios.
Em fins do séc. XVIII tanto o ouro quanto o diamante entraram em franca decadência.
Causas da Decadência da Mineração (Segundo Caio Prado)
-Esgotamento das jazidas (ouro de aluvião);
-Deficiência técnica e de recursos materiais;
-Rotina dos processos utilizados para a
exploração;
-Ignorância completa dos mineradores
referente à sua atividade especifica.
Reflexos da Atividade Mineradora
Consolidação do povoamento da região centro-oeste da colônia;
Caráter urbano e criação de um rico centro cultural em Minas Gerais (apogeu do barroco);
Intensa vigilância e fiscalização da Metrópole portuguesa em relação às riquezas coloniais, para, através de impostos elevados, manter o domínio econômico e evitar o contrabando;
Elo seguro e cada vez maior entre a atividade mineradora e a pecuária, incentivo ao desenvolvimento do comércio, transporte e abastecimento;
Criação de novas capitanias, devido ao aumento da área territorial ocupada (Minas Gerais: 1720); Goiás e Mato Grosso em 1748, todas capitanias Reais;
Deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o Centro-Sul;
Inconfidência Mineira – 1789.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
QUESTÃO DE SOCIOLOGIA DA SEMANA
Dentre as afirmativas abaixo assinale aquela que refere-se ao processo social de assimilação:
a) É a interação mais universal de indivíduos da mesma espécie ou espécie diferente na disputa por algo; geralmente inconsciente e impessoal.
b) É quando os grupos de culturas diferentes trocam informações sobre suas ações culturais e aceitam essa mudança.
c) É a forma de interação na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim.
d) Geralmente ocorre quando indivíduos, grupos ou categorias sociais tem interesse ou objetivos incompatíveis entre si; geralmente consciente e pessoal.
e) Processo social com o objetivo de diminuir o conflito entre indivíduos, um ajustamento formal e externo, sendo pequena ou nula a mudança interna.
resp.: b
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
PRIMEIRO REINADO - RESUMÃO
1º REINADO - 1822/1831
- 1822 - Independência - trono para D. Pedro (1º Imperador brasileiro) com a ajuda dos latifundiários que recebem benefícios como a agroexportação, unidade territorial, manutenção da escravidão - nada mudaria. Eles se anteciparam às revoltas populares para não haver reivindicações populares.
* 1823 - Assembléia Nacional Constituinte formada por latifundiários): voto censitário, queriam limitar o poder do Imperador, parlamento forte * Constituinte da Mandioca (valor para o voto censitário baseado no valor da mandioca).
* 1824 - 1ª Constituição ( CONSTITUIÇÃO OUTORGA) foi outorgada (imposta - é contrário de promulgada = democrática) foi feita por D. Pedro I, a aliança entre os latifundiários e o Governo seria rompida pois o governo queria dissolver a câmara - “noite da agonia” o parlamento se consagra indissolúvel e resiste por uma noite - até que acordos são feitos e recebem alguns benefícios para aceitarem pacificamente.
- Constituição outorga - mantém o voto censitário (só quem podia votar e ser votado eram os latifundiários); outorga o poder Moderador (que controla os 3 demais e mais o poder religioso onde o Papa só manda se o Imperador consentir - D. Pedro escolhe bispo, cardeal, etc.)
- Centraliza extremamente o poder - ABSOLUTISMO. * Os latifundiários tentam afastá-lo do poder com cuidado, com uma oposição branda (para não perderem os benefícios).
-1825/28 - Guerra da Cisplatina - Uruguai era parte do Brasil e queria se separar, a Argentina queria o Uruguai para ela. A Cisplatina ficou independente em 1828.
RESUMO DATADO
1822 - Independência - trono para D. Pedro (1º Imperador brasileiro)
1823 - Assembléia Nacional Constituinte (latifundiários) * Constituinte da Mandioca (voto censitário).
1824 - 1ª Constituição ( Constituição Outorga) por D. Pedro I, rompida a aliança entre os latifundiários e o Governo - “noite da agonia” - poder Moderador - absolutismo - oposição dos latifundiários - 1831.
1825/28 - Guerra da Cisplatina (Uruguai).
1831 7 de abril - renúncia de D. Pedro I: 1) crise político-econômica; 2) divergências políticas (liberalismo X monarquistas) - crise da abdicação: massas populares – RJ (manobrada pela aristocracia rural), instabilidade política (divergências entre liberais moderados X liberais conservadores); insurreições militares (participação popular). 3 correntes em conflitos na 1ª fase regencial: restauradores, moderadores e exaltados.
1831 17/06 - Regência Trina Provisória: senador Campos Vergueiro(tendências liberais); Carneiro Campos(conservador); e Francisco Lima (militar) - anistia a presos políticos; reintegrou ministério demitido por D. Pedro I, promulgou Lei Regencial (limitava poder dos regentes).
- Regência Trina Permanente: Bráulio Muniz, Costa Carvalho e Francisco de Lima e Silva - (Padre Feijó na Justiça): Criação da Guarda Nacional, promulgação do Código Penal.
1832 RJ - motins e revoltas: levantes do Batalhão da Infantaria e da Polícia; revolta dos exaltados (major Miguel de Frias), tentativa de golpe dos restauradores - causa: criação da Guarda Nacional.
1834 agosto - Ato Adicional (pergunta da FUVEST – 2000) estabeleceu: Regência Una; supressão do Conselho de Estado, criação das Assembléias Legislativa Provinciais (mais autonomia p/ províncias), criação do município neutro do Rio de Janeiro, isto é, descentralização. (com subida dos conservadores em 1840 autonomia acaba).
1835 Regente Uno - padre Feijó (dificuldades = divisão interna dos próprios moderados e rebeliões províncias) 1836 - seus opositores moderados “liberais” (ou regressistas - Bernardo Pereira Vasconcelos) Feijó renuncia em 1837. Pedro de Araújo Lima - regressista no poder; criado Ministério das Capacidades com Vasconcelos (criou Colégio D. Pedro II e fundou inst. História e Geografia).
* Divisão dos antigos liberais moderados: em regressista (conservador) e progressista (partido liberal)
1840 Liberais tentavam derrubar regressistas e queriam um imperador p/ manter o poder centralizado: 23/07 - Golpe da Maioridade e acabou com o período regencial.
Período regencial foi marcado por vários levantes: localismo (descentralizar - mais poder para as províncias - interesses da aristocracia rural). Diversas reivindicações de minorias: (negros, escravos, homem do campo) revoltas RJ, Pará, Maranhão, etc.
- 1833/40 - Cabanagem (cabanos - moradores pobres das margens do rio) líder - irmãos Vinagre combatem forças legalistas) Província do Grão-Pará, movimento pop. Caracterizado pelo separatismo provisório, uma das rebeliões brasileiras em que as camada inferiores ocuparam o poder mas não possuíam projeto político que lhes permitisse preservar a unidade, * questionou o latifúndio escravista.
-1838/41 Maranhão - Balaiada - violento, conteúdo social, participação popular, sertanejos, negros, mulatos, escravos percorrendo o sertão saqueando fazendas e vilas.
-1837- - Sabinada - movimento popular caracterizado pelo separatismo provisório. Bahia - líder Francisco Sabino - Sabinada - Proclamaram a República Baiense - até a maioridade de D. Pedro II.
- 1835/45 Rio Grande do Sul - Farroupilha - estancieiros gaúchos proclamam a República de Piratini.
QUESTÃO DE HISTÓRIA DA SEMANA
"Como sairão das Universidades os que hão de governar, se não há Universidade na América onde se ensine os fundamentos da arte do governo, que é a análise dos elementos peculiares dos povos da América Os jovens saem ao mundo olhando-o através de lentes ianques ou francesas, aspirando dirigir um povo que não conhecem (...) Resolver o problema depois de conhecer seus elementos é mais fácil do que resolver o problema sem os conhecer. (...) Conhecer o país é governá-lo conforme o conhecimento, é o único modo de livrá-lo de tiranias (...) Nossa Grécia é preferível à Grécia que não é nossa (...) não há pátria na qual possa ter o homem mais orgulho do que em nossas dolorosas repúblicas americanas." (José Martí. Nossa América)
A partir do extrato acima é correto afirmar:
a) A proposta de Martí consiste em valorizar os elementos norte-americanos, franceses e gregos em detrimento dos demais para compreender a sociedade na qual vivemos e poder transformá-la;
b) Uma visão das Universidades na América como instituições não formadoras de conhecimento sobre a própria realidade em que estão inseridas, resultando na preparação de jovens sem competência para governar seus países;
c) Uma crítica às Universidades ianques e francesas que não formam os jovens para a compreensão das sociedades latino-americanas;
d) José Martí participou ativamente da segunda guerra de independência de Cuba e esse extrato tem relação direta com essa guerra;
e) Uma crítica ao desconhecimento de todos acerca dos problemas latino-americanos e portanto, simultaneamente, uma justificativa das tiranias nesse continente.
resp.:b
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL(1914-1918)
1- CAUSAS
Até então nunca tinha havido uma guerra tão grande, que chegasse a envolver tantos
países. Essa guerra, que na época foi chamada “Guerra para acabar com todas as guerras”, teve as
seguintes causas:
1ª) Imperialismo econômicos, por parte dos países industrializados;
2ª) Nacionalismo – cada país queria impor aos outros seus produtos e sua cultura;
3ª) Sistema de alianças e tratados;
4ª) Paz armada – os países mais fortes, como a Alemanha, a França e a Inglaterra,
passaram a construir armas e aumentar seus exércitos para intimidar os outros;
5ª) Corrida colonial para dividir a África e a Ásia, o que também colaborou para aumentar a rivalidade entre as nações européias.
Outros motivos:
Incidentes em Marrocos. A Alemanha incitava os marroquinos a reagirem contra a
colonização francesa, criando um sério conflito diplomático entre Alemanha e França.
Crise nos Balcãs. Na região dos Balcãs ( atual Iugoslávia ) existiam alguns países, tais como: Bósnia e Herzegovina, a Sérvia e Montenegro, que lutavam para se libertar do domínio turcona região e contavam ainda com o interesse da Áustria-Hungria, contra o interesse da Rússia, que também queria expandir-se naquela direção.
Assassinato de Francisco Ferdinando arquiduque e príncipe herdeiro do trono
austro-húngaro, acontecido na cidade de Seravejo, na Bósnia. O assassino (Gravilo Princip), era um fanático nacionalista e o crime foi tramado na Sérvia. A Áustria-Hungria enviou então um ultimatum à Sérvia para que esta aceitasse uma investigação feita por uma comissão austro-húngara. A Sérvia, com apoio da Rússia, não aceitou. Áustria-Hungria então invadiu a Sérvia, a 28 de julho de 1914. Começava a Primeira Guerra Mundial.
TRÍPLICE ALIANÇA: Alemanha, Itália e Áustria-Hungria.
TRÍPLICE ENTENTE: Inglaterra, França e Rússia.
2- A GUERRA DE MOVIMENTO
Quando a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, em 28 de julho de 1914, a Rússia colocou-se ao lado da Sérvia e declarou guerra à Áustria-Hungria, em 30 de julho. Como a Alemanha era aliada à Áustria-Hungria, declara guerra à Rússia em 1º de agosto de 1914. Daí para frente, começaram a entrar na guerra outros países que tinham acordos assinados entre si: Inglaterra e França declaram guerra à Alemanha e assim por diante.
A Itália, que tinha acordo com Alemanha e Áustria-Hungria (Tríplice Aliança), rompeu e acordo e passou para o lado da Tríplice Entente, A guerra se desenrolou intensamente. A Alemanha luta contra a Rússia na frente oriental e invade a Bélgica e a França na frente ocidental.
Os países em conflito eram:
Os chamados IMPÉRIOS CENTRAIS- Alemanha e Áustria-Hungria, entrando depois o
império Turco-otomano (Turquia, em 1914) e a Búlgaria (1915). Até o fim da guerra vão
permanecer apenas esses quatros juntos.
Os “ALIADOS” eram: Inglaterra, França, Rússia, Sérvia, Bélgica, que depois receberam apoio da Itália (1915), Japão (1916), Portugal, Romênia, Grécia (1916), Estados Unidos (1917) e quase todos os outros países do mundo, inclusive o Brasil.
A princípio, os alemães derrotam franceses, ingleses e belgas, invadindo a França, mas são detidos na batalha do Marne que envolveu mais de dois milhões de homens.
Cada avanço de alguns quilômetro, por qualquer exército, de qualquer país em combate,significava longa preparação militar, muito material e máquinas de guerra, e milhares de vidas humanas perdidas. Os russos invadiram a Alemanha mas foram derrotados, e os alemães, além de estarem invadindo a França e Bélgica, conquistam do outro lado, a Polônia e a Lituânia e invadiram a Rússia.
Em 1915 e 1916, a guerra é marcada pela fase conhecida como “Guerra de Trincheiras” – mais de 700 km de valas fortificadas atravessavam toda a França. Era uma situação terrível: nas trincheiras, de ambos os lados, os soldados morriam de frio e fome ou de gases asfixiante. Faltavam alimentos e munições. 1917 foi um ano decisivo para a guerra. A Rússia, devido à crise econômica e social gerada pela guerra, começou a sofrer uma revolução socialista interna.
Aliás, foi a própria Alemanha quem financiou a volta de revolucionários russos para dentro daquele país, para que ele, diante de uma revolução interna, saísse da guerra, o que seria benéfico para a Alemanha que poderia, assim, usar, todas suas forças (soldados) na frente ocidental, contra a França, e a Inglaterra e os seus aliados.
Foi assim que aconteceu, mas a vantagem da Alemanha durou pouco tempo, pois os
Estados Unidos, país forte e que tinha ficado neutro até então (mas estava se preparando), entrou na guerra ao lado da França e Inglaterra.
Cerca de 1 milhão de soldados norte-americanos, treinados, descansados e com farto material para ingleses, franceses e aliados. ários pontos foram atacados ao mesmo tempo. Dentro da Alemanha, há inúmeras greves provocadas pelos socialistas, pedindo o fim da guerra e do governo do Kaiser (imperador)Guilherme II.
Os alemães percebem que serão derrotados, pedem então a paz, mesmo estando fora de seu território. Preferiram isso para que não tivessem seu território invadido.
Na Itália, na Sérvia, na Turquia, os soldados dos “impérios centrais” pedem paz. Era o fim da Primeira Guerra Mundial. O Kaiser Guilherme II abdica e se refugia na Holanda.
3- CARACTERÍSTICAS DA GUERRA
Grande extensão geográfica – Esta guerra envolveu todos os países do mundo, direta ou indiretamente. Os mais atingidos foram os países europeus, mas os outros também tiveram problemas econômicos e sociais.
Intensidade – Mortes e destruição devido a grandes bombardeios sobre cidades fábricas e centros de produção, de tal forma que morreram mais civis que militares.
Armas novas – Aviões, tanques, carros de guerra, metralhadores, submarinos, granadas, bombas de gases, holofotes (para iluminação à noite) e até balões.
Uso dos modernos meios de comunicação (rádio, telefone) e uso intenso de propagandas e contra- informação.
4- CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA
1- Transformações territoriais
a) Aparecimento da Iugoslávia, Tchecoslováquia, Lituânia, Letônia e
Estônia e a Polônia tiveram os seus territórios aumentados.
b) Desmembramento da Áustria e da Hungria, que além de serem separadas,
tiveram seus territórios diminuídos.
c) Desmembramento do império turco – otomano em muitos países árabes.
2- Declínio econômico dos países europeus e enriquecimento e ascensão dos
Estados Unidos.
3- Crises sociais: desemprego, fome, miséria e agitações sociais.
4- Formação da “Liga das Nações”
5- Assinatura do tratado de Versalhes, pelos representantes de quatro
grandes nações:Estados Unidos, Inglaterra, Itália e França, que
impuseram condições humilhantes e prejudiciais à Alemanha,
considerando-a única culpada pela guerra.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
PERÍODO PRÉ-COLONIAL
Durante a Idade Média, a maior parte da população da Europa vivia no campo. Predominavam as atividades de subsistência desenvolvidas nas grandes propriedades rurais (feudos). As cidades eram poucas e pequenas e o comércio era incipiente. A sociedade era basicamente composta pelos senhores (proprietários dos feudos) e seus servos. O poder político estava descentralizado, pois, ainda que o território europeu estivesse dividido em reinos, o poder do monarca era frágil e, nos feudos, cada senhor podia impor suas próprias normas e leis.
Características gerais do Feudalismo
1-________________________________
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4-________________________________
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A partir do século XI, contudo, o aumento da população propiciou o crescimento das cidades já existentes e a formação de outras. Essa população urbana passou a dedicar-se ao artesanato e ao comércio, estabelecendo-se ou percorrendo estradas para vender suas mercadorias. Aos poucos, o comércio ganhou força, ampliaram-se as rotas comerciais, surgiram as feiras nos entroncamentos das estradas percorridas pelos comerciantes e a terra deixou de ser a única fonte de riqueza econômica.
Cruzadas:_____________________________________________________________________________________________________¬__________________
A população de mercadores e artesãos denominava-se burguesia. Com o crescimento do comércio, parte da burguesia tornou-se mais rica e poderosa, disputando interesses com a nobreza feudal. Em pouco tempo, a organização política e administrativa do mundo medieval passou a ser um obstáculo, pois a multiplicidade de moedas, impostos e taxas alfandegárias, estabelecidos pelos diversos feudos por onde passavam as rotas comerciais, prejudicavam o desenvolvimento do comércio burguês.
Essa burguesia mercantil aliou-se aos reis, na luta pela centralização do poder político. A aliança acelerou o processo de formação das Monarquias Nacionais, ou Estados Nacionais Modernos, que se caracterizavam pela unificação dos reinos e pela concentração do poder em torno da figura do rei (absolutismo).
Com o desenvolvimento das Monarquias Nacionais, os reis passaram a se interessar pelas atividades econômicas do país. Para o governo, o controle estatal da economia significava o maior fortalecimento do poder do Estado. Para a burguesia, o Estado fortalecido protegia seus interesses econômicos, defenderia o comércio nacional e propiciaria sua expansão além das fronteiras.
Comércio Mediterrâneo
Ao entrar no século XV, a Europa já desenvolvia uma atividade comercial intensa. Duas regiões destacavam-se pela importância de suas cidades e pelo desenvolvimento de seu comércio:
• Cidades do Norte da Itália: Veneza, Gênova, Florença, Milão, Ferrara, Pisa e Mântua;
• Cidades de Flandres (Norte da Europa): Bruges, Antuérpia, Gand, Ypres, Liège e Bruxelas.
A mais importante rota comercial ia da região de Flandres até a Itália e cruzava o Mar Mediterrâneo em direção ao Oriente. O transporte marítimo no Mediterrâneo ficava a cargo dos navios de comerciantes italianos, que alcançavam os portos de Alexandria e de Constantinopla. Ali abasteciam seus navios com os produtos orientais trazidos pelos árabes em rotas comerciais que passavam por importantes cidades da Ásia e da África.
Portugal e Espanha também participavam desse empreendimento comercial, através da utilização de uma rota marítima no Atlântico. Essa rota ia do norte da Europa, passava pela Costa norte-africana (Ceuta, Ilhas Canárias, Açores, Arquipélago do Cabo Verde) até se ligar à rota do Mediterrâneo.
Os europeus exportavam produtos agrícolas e industrializados. Consumiam produtos orientais como tecidos de seda e algodão, louças, pedras preciosas, incenso, tapeçarias, bronzes, lacas e especiarias de origem vegetal (cravo, canela, pimenta, gengibre, noz-moscada etc.), utilizadas na culinária, na farmácia, na medicina, e na tinturaria da época.
Comércio do Mediterrâneo para o Atlântico
A navegação comercial no Mediterrâneo sofreu um duro golpe quando os turcos conquistaram o Império Romano do Oriente, cuja capital, Constantinopla (tomada em 1453), era o principal empório dos produtos asiáticos. Com isso, a navegação do Mediterrâneo oriental foi ficando cada vez mais difícil.
Quando os navios italianos foram impedidos de navegar pelo Mediterrâneo oriental, os comerciantes portugueses se animaram a descobrir outro caminho para o Oriente e lá abastecer-se de especiarias de outros produtos, para revendê-los na Europa. A perspectiva dos enormes lucros que esse empreendimento iria trazer foi o impulso que deu início à era das Grandes Navegações.
Outros fatores que contribuíram para a expansão marítima através do Atlântico foram:
• A posição geográfica de Portugal, com o litoral voltado para o Atlântico e com portos que serviam de escala para os navios que faziam o percurso de ida e volta entre o Mediterrâneo e o Mar do Norte;
• Os grandes progressos na arte de navegar, sobretudo em Portugal, onde surgiu a caravela mais aperfeiçoada; desenvolveram-se instrumentos científicos, como a bússola, o quadrante, o astrolábio e foi considerável a evolução da cartografia.;
• O incentivo da Igreja Católica, que via nos empreendimentos marítimos a oportunidade de levar a fé cristã a outros povos;
• A presença, em Portugal, de um governo forte, centralizado na pessoa do rei, que tinha as atividades comerciais como interesse fundamental.
Expansão Marítima Portuguesa
Iniciou-se em 1415 a longa e pioneira aventura expansionista que iria marcar toda a História Portuguesa. Lutando contra o desconhecido, sofrendo naufrágios e doenças, combatendo adversários em terras desconhecidas, os portugueses empenharam-se em levar à Europa os apreciados produtos coloniais.
A empresa marítima portuguesa atravessou três etapas principais:
• Na primeira, foram explorados geográfica e economicamente a costa ocidental da África e as ilhas do Atlântico, às quais foram sendo povoadas e postas a produzir cereais, cana-de-açúcar e vinho, que eram levados à Metrópole, juntamente com ouro e marfim;
• Na segunda, estabeleceram-se feitorias na Índia, nas Moluscas (Indonésia atual), na China (Macau) e no Japão;
• Na terceira, a empresa mercantil converteu-se também em colonizadora formando um extenso império ultramarino.
No esquema a seguir você pode observar as principais etapas da expansão marítima portuguesa.
1415. Conquista de Ceuta, na região do atual Marrocos, assinalou o início da expansão marítima portuguesa.
1416. Dom Henrique, filho de Dom João I, após participar da conquista de Ceuta, fundou no extremo sul de Portugal um centro de estudos e pesquisas de navegação, que ficou conhecido como Escola de Sagres. Comandada por Dom Henrique que recebeu o título de o Navegador, a escola reunia astrônomos, geógrafos, matemáticos, construtores de instrumentos náuticos, cartógrafos e navegadores. Tornou-se o mais avançado centro de estudos de navegação da época.
1419. Gonçalves Zarco e Tristão Vaz chegaram à ilha da Madeira.
1431. Reconhecimento dos Açores.
1434. Gil Eanes atingiu o Cabo Bojador.
1443. Nuno Tristão chegou à Ilha de Arguim, onde fundou uma feitoria, a partir da qual se desenvolveu importante comércio. Foi o primeiro entreposto instalado por um país europeu na África Ocidental.
1445. Dionísio Dias ultrapassou a foz do Rio Senegal, onde os portugueses obtiveram as primeiras quantidades de ouro, além de marfim, goma e pimenta-malagueta.
1482. Diogo Cão chegou à foz do Rio Congo, no Zaire.
1488. Bartolomeu Dias ultrapassou o
extremo sul da África, Cabo das
Tormentas, depois denominado Cabo
da Boa Esperança pelo Rei Dom JoãoII.
1498. Vasco da Gama, com quatro navios, atingiu a cidade de Calicute, nas Índias (o grande objetivo com que sonhava Portugal).
1499. Pedro Álvares Cabral comandou a expedição que, antes de chegar às Índias, desembarcou no litoral do Brasil, para garantir a posse de terras americanas para Portugal.
As grandes vantagens econômicas trazidas pela expansão marítima não foram canalizadas para os cofres portugueses. Embora controlassem esta atividade comercial, a distribuição dos produtos coloniais no mercado europeu era feita por comerciantes de outros países, sobretudo holandeses. Esses grupos estrangeiros controlavam e manipulavam os preços e tornaram-se financiadores e credores dos empreendimentos portugueses.
Expansão Marítima Espanhola
Enquanto Portugal ia desvendando os segredos dos mares e ampliando seu comércio em novas regiões da costa africana, a Espanha tentava expulsar os mouros que dominavam a cidade de Granada, por isso não tinha condições de se lançar à navegação marítima. Nessa época, dos três reinos que se haviam formado na Espanha (Navarra, Aragão e Castela), dois uniram-se em virtude de um casamento: Aragão, representado por Fernando, e Castela, cuja rainha era Isabel.
Esse casamento uniu praticamente todo o país e, em 1492, após expulsar os mouros de seu território, Fernando e Isabel dispuseram-se a patrocinar a viagem do navegador genovês Cristóvão Colombo, que tinha um novo e audacioso plano. O objetivo era atingir “el levante por el poniente”, o leste pelo oeste, dando volta ao mundo, para chegar às Índias. Esse plano foi atribuído ao cosmógrafo italiano Paolo Toscanelli.
Cristóvão Colombo realizou quatro viagens de travessia do Atlântico. Seguindo o plano e desconhecendo a real dimensão do Planeta, Colombo supôs ter atingido a Ásia. Por isso, quando chegou á ilha de Guanaani, em 1492, deu o nome à terra descoberta de Índias Ocidentais, e a seus habitantes de índios ou de indígenas. O engano de Colombo somente foi esclarecido pelo navegador Américo Vespúcio e, em homenagem a este, o Novo Continente foi denominado América.
Disputa pelas novas terras
Após as viagens de Colombo, atendendo aos interesses dos reis católicos Fernando e Isabel, o Papa Alexandre VI (espanhol de nascimento) expediu a bula Inter coetera, que concedia aos reis da Espanha os privilégios antes dados ao rei de Portugal, nas terras descobertas ou a descobrir, no Ocidente.
A bula Inter coetera (1493) estabelecia uma linha divisória entre o que seria de Portugal e de Espanha. Essa demarcatória imaginária, passando a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, determinou que tudo o que estivesse a oeste dessa linha pertenceria à Espanha e todas as terras que estivessem a leste pertenceriam a Portugal. Se essa bula fosse respeitada, a Espanha teria assegurado o pleno domínio sobre todas as terras americanas, restando a Portugal somente a posse das terras da África.
Dom João II, rei de Portugal, sentindo-se prejudicado pelas determinações papais, recusou-se a acatá-las. Depois de várias negociações diplomáticas, foi assinado, na localidade de Tordesilhas, na Espanha, em 7 de junho de 1494, um outro tratado que dividiu o mundo em dois hemisférios, separados por um meridiano que se estendia a 379 léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde. As terras existentes a oeste da linha pertenceriam à Espanha e as terras a leste, a Portugal. A partir da assinatura desse tratado, Portugal e Espanha passaram a disputar o domínio do território americano. Inglaterra, França e Holanda somente entraram na disputa a partir do século XVII.
O DESCOBRIMENTO
O “descobrimento” do Brasil teve um narrador a sua altura – Pero Vaz de Caminha – escrivão da Armada designado para a feitoria de Calicute na Índia, que em Carta dirigida ao Rei de Portugal datada de Porto Seguro da Ilha de Vera Cruz, a 1º de maio de 1500 deu uma detalhada notícia da viagem e da terra descoberta.
Documento preciso e de insubstituível valor histórico donde se podem tirar interpretações e conclusões que dissipam várias dúvidas que surgem com relação ao nosso “descobrimento”. É considerada como a “Certidão de Nascimento do Brasil”, escrita por testemunha dotada de amplos recursos de observação. Em suas 27 (vinte e sete) páginas, nada passa desapercebido ao missivista e não há informações que possam ser consideradas supérfluas.
Entre as mais importantes, podemos destacar:
• Pormenores coreográficos, que permitem a
identificação do local da descoberta;
• Dados para o estudo da fauna, flora e
botânica;
• Importância para o estudo da etnografia e
antropologia;
• Preciosa fonte para o estudo da Cronologia;
• Previsão para o futuro aproveitamento da
terra (agricultura) e como ponto de escala no
caminho para as Índias (abastecimento);
• Cristianização do gentio;
• Enriquecimento à Geografia da época.
Sabemos que os primeiros 30 anos da história do Brasil é conhecido como período pré-colonial. É fácil de entender. O Brasil não se enquadrava nas perspectivas mercantilistas do séc. XVI. Apresentava-se como uma enorme extensão territorial, habitada por tribo seminômades, de nível cultural extremamente precário. Há que se considerar, ainda, que não existia uma produção organizada para comercialização, o que desencorajava o elemento europeu.
Assim, durante os primeiros 30 anos o desinteresse da Coroa Portuguesa pelas terras americanas é flagrante. Não devemos perder de vista, que o comércio oriental das especiarias encontrava-se (para os portugueses) no seu momento máximo. Lembrem-se que a expedição de Vasco da Gama (1498) alcançara lucros da ordem de 6.000%.
Em 1530 a Coroa Portuguesa decide-se pela colonização efetiva do território brasileiro. Dois fatores atuaram como decisivos.
- Presença constante e ameaçadora dos franceses em nosso território, que segundo Cristóvão Jacques (célebre chefe de expedições guarda-costa durante o período pré-colonial) estavam se dando muito bem com os indígenas. O mesmo Cristóvão Jacques chegou a advertir a Coroa Portuguesa, no sentido de que, ou se realizava uma tentativa eficaz de ocupação da terra, ou esta cairia em mãos dos franceses (que não conheciam validade no Tratado de Tordesilhas – 1494);
- Declínio do comércio das especiarias (por volta de 1500 Portugal perdera o monopólio comercial Oriental para outros povos e os lucros já não eram tão compensadores como no início do séc. XVI).
Dentro deste novo quadro organizava-se a expedição de Martim Afonso de Sousa (1530-1532), considerada o marco inicial da colonização das terras brasileiras.
Objetivos da expedição de Martim Afonso de Sousa:
- Explorar o litoral norte;
- Explorar o litoral sul até o Rio da Prata;
- Enviar expedições ao interior em busca de
possíveis metais preciosos;
- Fundar núcleos de povoamento, que não as
simples feitorias (armazéns onde se
- guardavam o pau-brasil) do período pré-
colonial;
- Expulsar os franceses;
- Verificar a possibilidade de implantação da
cultura açucareira em nosso território;
Em linhas gerais pode-se afirmar que a expedição de 1500 é coroada de êxito. Funda-se, inclusive, o primeiro núcleo de povoamento no Brasil – São Vicente, em 1532.
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