O termo comunidade, embora já empregue por Aristóteles como expressão duma totalidade de indivíduos ligados por laços sociais, só no século XIX, devido aos processos de desagregação das comunidades tradicionais, se elabora numa conceptualização mais alargada e aprofundada de comunidade, ainda que polissémica e susceptível de interpretações diferentes e até contrastantes.
Tal como, para os pensadores iluministas e racionalistas do século XVIII (Voltaire, Diderot, Rousseau), a ideia de contrato representava um dos conceitos centrais no sentido de extirpar todas as formas de vínculos feudais, corporativos e comunais, na formação da Sociologia como ciência, no século XIX, comunidade constituiu um dos conceitos chave para a compreensão e a explicação da sociedade tradicional e da sua transição para a sociedade moderna, repercutindo-se noutras áreas do saber: Filosofia, História e sobretudo Antropologia.
Um dos primeiros mentores do conceito de comunidade foi Tonnies, que estabelece pela primeira vez a distinção entre comunidade (Gemeinschaft) e sociedade (Gesellschaft), sendo uma definida em contraponto da outra. A comunidade - assente ora no território comum (casa, aldeia, região, nação), ora na partilha da mesma língua, crença, etnia, corporação eclesiástica ou profissional - representa uma entidade social de identidade e interconhecimento, onde os actores sociais são vistos no seu todo, onde se fundem as vontades e se entrelaçam as relações sociais primárias face a face, relações estas perpassadas de laços personalizados de intimidade e emoção, bem como de regras adstritas de coerção e controlo sociais. Já, porém, a sociedade, composta por associações de diversa índole, na sequência dos conceitos jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, constitui um agregado social de base racional e voluntária, cuja adesão pressuporia um acto voluntário e livre dos indivíduos e cujas relações se definiriam como fragmentárias e segmentárias, impessoais e secundárias.
Vários têm sido os autores que analisaram o processo da transição da comunidade para a sociedade: desde o liberalismo individualista e utilitarista (1970, Mill, John Stuart - Principles of political economy. London: Penguin Books), passando pelos evolucionistas como Spencer, até aos funcionalistas como Durkheim, que, de modo análogo mas menos optimista, apresenta a distinção entre solidariedade mecânica, específica das sociedades tradicionais, e solidariedade orgânica, própria das sociedades modernas. Outros autores pretenderam designar com outros termos uma realidade semelhante: sociedade militar versus sociedade industrial (Spencer), sociedade de estatuto versus sociedade de contrato (Maine), ou, no campo da antropologia aplicada às sociedades camponesas, a distinção entre "sociedade parcial" como parte integrante da sociedade global envolvente (Kroeber) ou entre "pequena tradição" e "grande tradição" (Redfield). Embora em ópticas diferentes e não de modo tão dicotómico, poderíamos ainda associar a esta distinção, quer a contradição campo-cidade de Marx, quer a acção comunal presente em certas comunidades e instituições vinculativas, como a Igreja (Anstalt) versus a associação (Verein) (Weber).
A uma visão evolucionista e optimista por parte dos positivistas e evolucionistas opôs-se, já no século XIX, por um lado, o conservadorismo nostálgico e, por outro, o socialismo nas suas diversas versões. Assim, autores conservadores como Burke e Bonald (Nisbet), perante a previsível ordem e o progresso caótico proposto pelos positivistas e modernistas, reagiam negativamente e apelavam à restauração da comunidade corporativa e tradicional (família, Igreja, guildas), considerada primordial em relação quer ao individualismo liberal despersonalizado, quer ao centralismo estatal abafador, que só pelo filósofo conservador Hegel era idealisticamente assumido como a comunidade por excelência (communitas communitatum). Em regra, porém, os teóricos idealizadores da comunidade tradicional passam de lado as relações hierocráticas e paternalistas, autoritárias e autocráticas ou até despóticas, amiúde presentes nas comunidades tradicionais. Numa perspectiva diferente, são ainda de referir os socialistas utópicos (Proudhon) que propunham levar à prática o socialismo através da construção de comunidades de partilha de bens até aos defensores do socialismo científico, que, embora reconhecendo o carácter revolucionário da era burguesa face ao feudalismo, proclamavam a necessidade da superação do capitalismo através da implantação duma nova ordem socialista, o que implicava a abolição da propriedade privada. Em Portugal, as reflexões e trabalhos empíricos em torno do conceito de comunidade e diferenciadas estratégias dos grupos sociais têm sido levadas a cabo por vários autores, de que se destacam, em termos contrastantes, Dias (1984, 1964) versus O' Neill (1984), Portela (1986), Geraldes (1987), Polanah (1987), Sobral (1993), Wall (1998) e Silva (1998).
domingo, 29 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
DILMA AGORA É 45....
EM 17 DE Agosto DE 2010 Do UOl
Pesquisa do instituto Vox Populi divulgada nesta terça-feira (17) no Jornal da Band, mostra a candidata petista à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, com 16 pontos de vantagem sobre o segundo colocado o tucano José Serra. De acordo com os números, se a eleição fosse hoje, a petista seria eleita no primeiro turno já que a quantidade de votos obtida é superior à soma dos votos dos demais concorrentes.
Dilma aparece com 45% das intenções de voto, contra 29% de Serra. A candidata do PV, Marina Silva, tem 8%. Os demais candidatos não alcançaram 1% das intenções de voto.
Votos brancos e nulos somaram 5% e indecisos 12%. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos.
Foram entrevistadas 3.000 pessoas entre os dias 7 e 10 de agosto. A pesquisa Vox Populi/Band/iG está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número 22.956 /2010.
Na pesquisa anterior do Vox Populi, divulgada em 22 julho de 2010, Dilma tinha 41% das intenções de voto, contra 33% Serra e 8% de Marina. Num eventual segundo turno, a petista venceria o ex-governador de São Paulo por 46% a 38%
Dilma aparece com 45% das intenções de voto, contra 29% de Serra. A candidata do PV, Marina Silva, tem 8%. Os demais candidatos não alcançaram 1% das intenções de voto.
Votos brancos e nulos somaram 5% e indecisos 12%. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos.
Foram entrevistadas 3.000 pessoas entre os dias 7 e 10 de agosto. A pesquisa Vox Populi/Band/iG está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número 22.956 /2010.
Na pesquisa anterior do Vox Populi, divulgada em 22 julho de 2010, Dilma tinha 41% das intenções de voto, contra 33% Serra e 8% de Marina. Num eventual segundo turno, a petista venceria o ex-governador de São Paulo por 46% a 38%
domingo, 15 de agosto de 2010
Eduardo dispara na liderança em Pernambuco
Se a eleição fosse hoje, o governador Eduardo Campos (PSB) seria reeleito no primeiro turno em Pernambuco. É o que indica a pesquisa do Instituto DIARIO DATA Associados, publicada pelo Diario na edição deste domingo. No cenário estimulado, com os nomes apresentados aos eleitores, Eduardo aparece com 60% das intenções de voto. O senador Jarbas Vasconcelos tem 17%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número de23.078/2010. O registro foi feito pela Giga Instituto de Pesquisa, que presta assessoria técnica ao Instituto DIARIO DATA Associados. O trabalho de campo aconteceu entre os dias 8 e 11 de agosto.Os dados completos do levantamento, com as intenções de voto para governador e para presidente em Pernambuco e os números da avaliação da gestão de Eduardo Campos, estão na edição do Diario. As informações serão detalhadas por região, sexo e faixa etária. A partir das 10h30, a primeira edição do domingo já está nas ruas.
Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
Fazendeiro é flagrado pela sexta vez (!) com escravos
O mais importante não é a notícia a seguir, mas o que está por trás dela:
O governo federal libertou 45 trabalhadores rurais em situação análoga à de escravo na fazenda Zonga, em Bom Jardim (MA). Esta é a SEXTA vez em que isso acontece em terras sob controle do pecuarista Miguel de Souza Rezende – hoje com 77 anos de idade. Não perca a conta: nessa fazenda foram 52 libertados em 1996, 32 em 1997, 69 em 2001, 13 em 2003 e, agora em agosto de 2010, mais 45. Além de outras 65 pessoas na fazenda Pindaré, em João Lisboa (MA), também pertencente a ele, em 2003. O levantamento foi feito pela repórter Bianca Pyl, da Repórter Brasil.
“Mesmo que quisesse ir embora, o trabalhador não conseguiria. Ele não poderia bancar o transporte, já que não recebia os salários adequadamente”, afirmou a auditora fiscal do trabalho Camila Bemergui, coordenadora desta última a ação de libertação que contou também com a participação do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal. De acordo com a fiscalização, a situação em que estavam era degradante. Por exemplo, a comida servida aos empregados estava estragada e com vermes. O proprietário se negou a pagar a indenização. Aliás, “proprietário” não seria o termo correto, uma vez que a área estaria ilegalmente dentro da Reserva Biológica de Gurupi.
Seis vezes! Qual a desculpa para ser pego seis vezes com escravos? Aí é que está, não existe. É simplesmente a impunidade plena que reina quando a Justiça não cumpre o seu papel e o infrator sabe disso de antemão. Ou, melhor, cumpre sim um papel de manter as coisas como estão. E a Câmara dos Deputados tem sua parcela de culpa, pois se tivesse aprovado a proposta de emenda constitucional que confisca a terra daqueles que usaram esse expediente (e que já passou pelo Senado), talvez a história de dezenas de pessoas que trabalharam na fazenda Zonga teria sido diferente.
Olha, estou há muitos anos tratando desse tema, o que acaba endurecendo um pouco a vista, diante de tanta bizarrice. Mas essa é uma daquelas notícias que dá uma chacoalhada diante da banalização da violência que nos acomete. Sinto-me envergonhado como brasileiro, com vontade de pedir desculpas a esses últimos 45 libertados por seu país saber que havia uma armadilha montada e não ter conseguido desativá-la.
Se fosse eles, pediria indenização ao Estado pelo seu papel de cúmplice.
Seis vezes! Qual a desculpa para ser pego seis vezes com escravos? Aí é que está, não existe. É simplesmente a impunidade plena que reina quando a Justiça não cumpre o seu papel e o infrator sabe disso de antemão. Ou, melhor, cumpre sim um papel de manter as coisas como estão. E a Câmara dos Deputados tem sua parcela de culpa, pois se tivesse aprovado a proposta de emenda constitucional que confisca a terra daqueles que usaram esse expediente (e que já passou pelo Senado), talvez a história de dezenas de pessoas que trabalharam na fazenda Zonga teria sido diferente.
Olha, estou há muitos anos tratando desse tema, o que acaba endurecendo um pouco a vista, diante de tanta bizarrice. Mas essa é uma daquelas notícias que dá uma chacoalhada diante da banalização da violência que nos acomete. Sinto-me envergonhado como brasileiro, com vontade de pedir desculpas a esses últimos 45 libertados por seu país saber que havia uma armadilha montada e não ter conseguido desativá-la.
Se fosse eles, pediria indenização ao Estado pelo seu papel de cúmplice.
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